QUERO ENTENDER, MAS NÃO CONSIGO

COM ESTE TEXTO TERMINO A TRILOGIA SOBRE O ACIDENTE COM O AVIÃO DA TAM, OCORRIDO EM 17/07/2007. OS OUTROS DOIS TEXTOS FORAM: TRAGÉDIAS NOSSAS (19/07) E ENQUANTO HÁ TEMPO (26/07), AMBOS PUBLICADOS AQUI NO RECANTO. OBRIGADO PELAS LEITURAS E PELOS COMENTÁRIOS.

Definitivamente não consigo entender certos comportamentos e atitudes de algumas pessoas, definidas que são como seres racionais.

Em plena crise aérea, a maior que já tivemos até hoje, tenho visto cenas e declarações que me deixam abismado.

Nem vou entrar em detalhes sobre segurança dos aeroportos, manutenção das aeronaves, omissão e incompetência do governo federal e de seus órgãos responsáveis, descaso com os passageiros que têm seus direitos totalmente desrespeitados e outras aberrações que temos acompanhado pela mídia. Isso eu deixo para os especialistas da área.

A TV tem mostrado em seus noticiários, que muita gente está trocando o ar pela terra firme, ou seja, a viagem de avião pela viagem de ônibus, pelo fato de a considerarem mais segura (será?) e também pela quase certeza absoluta de chegarem a seu destino num prazo dentro do razoável. E isso, apesar de em muitos casos a passagem rodoviária ser até mais cara do que a passagem aérea, principalmente levando-se em conta o modelo de ônibus escolhido – convencional, executivo ou leito. Há ainda aqueles que optam pelas vans de lotação ou até mesmo pelo táxi, nesta última opção pagando valores astronômicos.

Essa troca do ar pela estrada está sendo feita não apenas para distâncias menores, mas também entre cidades com distâncias consideráveis como, por exemplo, São Paulo a Goiânia e São Paulo a Salvador. O importante é voltar pra casa, chegar inteiro depois de uma pequena ou longa ausência e matar a saudade.

Pois bem, isso tudo – a meu ver – está dentro do lógico, do racional e dá para entender os motivos desse comportamento.

O que não consigo entender – por mais que tente – é ver declarações de quem está no aeroporto há horas, e até dias, ainda aguardando um vôo que as leve para seu destino. Gente que está em São Paulo, tendo que se deslocar para o Rio de Janeiro, Curitiba ou Belo Horizonte, por exemplo. Se tivessem optado pela troca do meio de transporte, certamente já estariam em seus locais de destino e não mais lamentando o atraso, tendo chiliques e brigando contra um estresse que certamente chega num momento incerto.

Ainda esta noite assisti na TV a alguns casos assim e, coincidentemente – ou não – todas as pessoas abordadas pela reportagem estavam em São Paulo tendo como destino o Rio de Janeiro (distância inferior a 450 km e percorrida por um ônibus em cerca de 5 horas). Algumas estavam confortavelmente instaladas em hotéis pagos pelas empresas onde trabalham ou pelas companhias aéreas, e outras dormindo no saguão do aeroporto, pois não tinham como ou quem financiasse suas estadias. Porém, todas expressavam indignação e reclamavam da situação com todo o direito que têm.

Será que para essa gente viajar por via terrestre, seja de ônibus ou van, é sinal de algum demérito?

Não sei, e nem vou procurar saber ou entender, pois acredito estar acima da minha capacidade racional de compreensão.

Tenho visto, ao longo do tempo, muitas atitudes totalmente incompatíveis com a realidade em que vivemos, como essa que relatei acima. E, à medida que o tempo evolui, infelizmente esse tipo de atitude evolui junto, fazendo do viver uma verdadeira dose cavalar de emoções e incertezas, muito acima de nossos limites.

Meu desejo é que essa crise instalada no setor aéreo termine o mais rápido possível, com soluções concretas e satisfatórias. Mais do que isso ainda, desejo que as pessoas vivam no mundo real, usem sua capacidade de raciocínio e entendimento, adotem a simplicidade e vivam intensamente tudo de bom que a vida oferece.

Agindo assim, certamente os resultados serão agradáveis e compensadores.

Boa viagem!

******

Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 28/07/2007
Código do texto: T583461
Classificação de conteúdo: seguro