A LÁSTIMA
A LÁSTIMA
Eu fui ao escuro do porão
derrubar as últimas seitas
que lá em cima aceitas eram quase
a igreja dos domingos encarnada
numa casa feito um defeito
que a vida impôs-me no momento
que parece que alguém rezava
pra que ele descobrisse
minhas tolices lembrando
que eu amava que eu venerava
e guardava tudo que ele tinha
num "vidro como conservas"
de qualquer coisa que encerra
pra depois mesmo velho ser comido
um sentido que dão ao passado
eu não vi razão estado que fiquei
desde quando acreditei
que aquilo poderia ser de verdade
um amor de extremo direito
um tempo quando foi feito
quando tinha de certo esse efeito
que me derrubava quando vinha
de tarde depois do mundo
esperar ele tirar sua roupa
minha roupa e cairmos
num vale de fantasias nesta cama
que acaso de tudo também está vendida
destes relances mentirosos
desta fraqueza feminina não quero lembranças
e hoje recebo dum convite gentil
de um amigo de longe pretenso
pelo modelo de papel e a escrita
me veio com perfume e um delicado
desenho adornando o texto tão intenso
tão extenso que o folego resolveu
que eu deveria tomar um drink
e assim que terminei fiquei horrivel
não olhei a data da postagem
não vi que hoje a noite já estava
muito perto de sua chegada
e o susto corrompeu a noite
que seria linda irrompeu a gata afim
da saída com as amigas
de trazer ninguém sincero
pra divertir minha vida
agora corrompida e desfavorável
deverei acontecer num lugar estranho...
MÚSICA DE LEITURA: Jolie Holland - Old Fashioned Morphine