SISMÉRIA

SISMÉRIA

Vista teu corpo com leopardo

não tema minha fuga dos teus

famintos lábios trêmulos

procure onde a pele está

pedindo esta fome selvagem

e desista de amanhecer ao meu lado

despe esse otário galanteador

teu sabor não está nas palavras

está nestas larvas misturadas

com meu anseio violento

sedento de paixão avulsa

que expulsa qualquer mulher

qualquer uma que quer

ser primeiro sentir-se escolhida

o tesão quando escorre o que

bebemos sentindo vontade

de falar lambendo o rosto

linguas "importadas"descemos pelo dorso

importando o que a boca suspira

e acontecemos expostos

é o único a ser satisfeito e preciso

eu insisto não durma pela manhã

no mesmo lugar da transa

teu corpo já foi usado

não pertenço a nenhum fantasma

que a desculpa de sair seja

o que desde sempre almeja

invadir meus recintos

todos eu pressinto loucos

estavam de madrugada agora eu sinto

que possa ser uma coisa escondida

dentro dos meus sonhos

acabado não proponho que volte

nem mais um dia que esta sorte

de ter-me vá levar aos outros

não importo ser vendida

não estou de corpo presente

aquela que vai caminhando

se alguém for indolente

verá meu sorriso meu escárnio

outro otário falido outro marido

um solitário antigo um malandro

que uivando por troçar vesgo

volte andando com raiva

e resolva me seguir na noite

vai contar sua história e mais nada

ele desaba na fronte

desde ontem parecia já um sócio

combinando indireto falando discreto

endereços por onde andamos

e alguns por lá perto tenho um negócio

talvez nos encontramos

é que meu inferno não gosta

desta liberdade criada liberdade resolvida

livre pra ser um crime por castigo

de ter sido alvo dos Deuses do olimpo

eu me livro de páginas abertas

sonharei com o que você deixou escrito

não usarei mais este vestido

o que me lembra o caso assinado

condena torna refluxo um luxo

vulnerável que fica intragável

por amável que pareça

é somente quando a porta fecha

e não mais o vejo que volto a ser

aquilo que pertenço a mim mesma...

...ele ainda estava parado do outro lado

da rua sentado de cabeça baixa

respirando ofegante num delírio

de criança por esperança

olhando os céus e vai sumindo na esquina

ex-sina de horas hilária

deito-me na banheira masturbando

lembrando de quando ele era homem...

MÚSICA DE LEITURA: Joss Stone - I put a spell on you