A REBENTA

A REBENTA

Um fruto amanhece caído

recém nutrido do mel contrário

de um prazer medonho

que não nasce dos sonhos

quer vida pura quer o nascimento

que nínguém esteja antes

que as regras ainda sejam tolices

que o sol crie o dia iluminado

dos olhos escuros perante a noite

tudo seja novidade que a idade

cresça sendo o mesmo começo

pesadas corporizadas algemas

desde a fronte pelo dorso

tecem sobre o corpo ofendendo

pra ser diferente da liberdade

quer descobrir o que torna livre

e porque busca sair do cerne

já adocicado a árvore matriz

onde aquela amaldiçoada

forjou os senhores do mundo

qu'ela usou depois pra ficar no mundo

e agora quer ser princesa se diz presa

penas de compaixão pelo descaso

dos anos de caso pra fundar legiões

de inteiros e outros pela metade

onde uns nasciam pra viver

outros irão conhecer por ela

todo segredo da fragilidade

ela começa no útero quando

não se é único permitido vingar

sobre Deus a morte do pai

quem pode trazer o desconhecido

como terceiro não tem a glória

de ser primogênito

vai continuar a trazer estrangeiros

estranhos e passageiros

a liberdade então é mito então é mito

então o sofrimento vindo devo aceitar

como algo digno penalizado

por aceitar desde sempre seria

quando nascemos mulher no mundo

esta sina de um desejo cego

parece imundo não foi escrito

porque está dito no livro

que devo aceitar se há algo em mim

que clama pelo que está doente?

MÚSICA DE LEITURA: SUNNO - Agartha