O CADÁVER DOS OUTROS

O CADAVER DOS OUTROS

Os destroços invalidos foram trazidos

de muito longe colocados e ainda ficam

perfeitos com o esquecimento

virando aquela poeira delirando

com o vento que insiste em ser

no pensamento uma verdade

se não aquele fenômeno infantil

que sinto ter deixado de lado

a muito tempo enquanto os outros

gostam de ter este tempo

usando formas e cores

pra diferenciar sua estupidez

e que inválida seria eu na mesa

cortando meus pulsos ouvindo

ruídos sem música de calhordas

velhacas imbuídas de sono envenenado

com cheiro de morte precisando

sorrir uma vez mais p'ro futuro

eu nunca fui a figura dos jornais

que falam se não dos anais que

imitam as mesmices caducas

de morais avessas ao natural

compreenda natural não é

nenhuma das tolices manipuladas

não tem humano sobre o nome

do que antes nasceu sozinho

eu poderia amar porque tenho

amor de sobra querendo ficar

quem sabe pra sempre

desde que sempre seja um filme

que possamos dirigir nunca imitar

o destino não conta uma história

antes da memória estar conhecida

quem sofrida conquista um dor

pra ter o que dar ao corpo

nunca foi ao abismo ver sua

vida de verdade

eu sou amiga das muitas coisas

que jogam fora pra comprar

dezenas de outras com valor

que já vem com valor marcado

até uma flor criatura de formas

exuberante perante os olhos

ofendem mais quando estão no vazo

não são rasas não permitem

mesmo tendo asas

que a terra faça sentir sua eternidade!

MUSICA DE LEITURA: Jolie Holland -Old Fashioned Morphine