A CRIMINOLOGIA DA CERCA

A CRIMINOLOGIA DA CERCA

Era dentro da alma que estava

escondido todo mundo perdido

todo aquilo que lá fora

havia de ser contido no momento

cada sentimento no momento

ficava pairando nos olhos

e o interesse deva ser aquele

interesse sério de faces mesquinhas

um preço tão caro pagaria

se for o caso de ficar sobre

o que os outros sentiam

quando jogavam suas cartas

sobre uma mesa vazia de sentido

altitudes nem sempre contemplam

estrelas podem elas estarem caindo

estes amores que respondem

somente por um jogo

antes não tem fogo não tem verdade

são meros covardes

duvidando de que o amor existe

p'ra amar uma mulher convém

que ela primeiro queira

do que seu corpo deseja

sente mais tarde o prazer completo

nenhum indiscreto anseio sobre a pele

com notas frias em cima da cama

o amor condena o absurdo

e o caótico da alma se dissolve

na plenitude dos orgasmos

há espasmos perfumados de vida

o sexo comprado uma satisfação aceita

ninguém procura o inverno pra sentir-se frio

lisonjeia galante uma dama

que vai dormindo nos seus sonhos

e nunca se tem pesadelos

se o apelo não for atendido

o "uniforme" do covardes que valentes

querem mostrar suas cartas

já nasceram todos mortos

não existe riqueza na fraqueza

franca doença que permite

julgar o outro por sua aparência...

...prefiro a solidão acreditando

que um belo dia nasce com chuva

do que um sol pleno depois do luar

ser um olhar vulgar dos outros

e suas idiotices convencidas!

MÚSICA DE LEITURA: Jolie Holland - Old Fashioned Morphine