A vegetação que margeava a estrada para Petrópolis, era tão bonita quanto a Cidade Maravilhosa. Parecia uma tela pintada pelo antigo dono do Caraguá. Não necessariamente, o dono. A filha  pintava telas e tocava piano, e uma arte completava a outra, fundia-se numa coisa só: beleza artística. Alaíde era moça prendada, mas rebelde e arredia, não deixou nenhuma obra para a posteridade. Nem filhos ela deixou. O único namorado que teve, abandonou-o no altar, do mesmo modo que Generoso deixou a baiana a esperá-lo em Vitória da Conquista no ano de 1932,  e se embrenhara na mata até alcançar Juramento, em Minas Gerais. 
 Árvores frondosas protegiam o corte da estrada, provocado pelo homem na aba da serra; orquídeas e bromélias, modificavam o tom verde da paisagem com arranjos florais de variadas cores. Cai do galho soberbo que avança a faixa asfáltica, um minúsculo sagui. Atropelado, agoniza. Grita. E seu grito não alcança os ouvidos da mata. Curvas, cada vez mais sinuosas, vão sendo, aos poucos,  vencidas.

— Devagar. Pegue a vicinal.
— Chegamos!
 —  O sítio de Alice é perto assim?
A casinha branca no pé da serra guarda uma ponte  bem no pongo do córrego, onde a princesa Mariana, outrora se banhava. Lá embaixo, lambaris deslizavam nas águas cristalinas do ribeiro. Fora da baia, o garanhão negro cobre uma égua no cio. 

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Texto: Adalberto Lima - Estrada sem fim...(obra em construção)
Imagem: Internet.