GENTILEZA A LUZ DO SOL

Era manhã de segunda feira, coloquei minha melhor roupa pra sujar. Ajeitei a enxada, o facão, a água e uma fruta e me coloquei a caminho da minha faina ocasional. Um lote de 250 metros quadrados coberto por mato. Uma experiência que me leva a medir os limites do meu corpo. Capinar não é uma atividade regular de minha vida. Faço-a esporadicamente ante a necessidade imposta pela natureza. pelas leis da urbanidade, limpeza e estética. Onde moro também tem terreno, embora pequeno, produz muito mato que volta e meia implora uma boa capina.

No lote em questão fiz metade da capina na parte da manhã sentindo as dores próprias de um corpo não acostumado a dureza própria deste ofício. Tratei a situação com bom humor e vontade de cumprir a tarefa. Pensei em até transforma a experiência num curso 100% prático de como capinar um lote urbano em um único módulo. Já tinha até o marketing definido, primeira aula grátis com material didático incluso (Enxada) e um nome para o curso com ares de slogan: “Devagar e sempre.”

A parte da manhã passou rápido e as 15 para meio dia retornei a minha casa para o almoço. Uma boa vantagem que vejo em serviços que demanda grande esforço físico é a hora do almoço em que a fome e o apetite dobram. E eu que aprecio comer me deleito ainda mais.

Findado a hora do almoço e da “siesta” volto eu pra minha missão sob os raios do sol das 14 horas. O sol ardia sem escrúpulos, e a enxada pesava a cada hora um pouco mais que no começo do dia. Quando de repente ouço uma voz amigável. _Opa! Boa tarde! Me virando para ver de onde vinha me deparei com um jovem com seu uniforme de trabalhador e um capacete na cabeça. Respondia a saudação e ouvi sua exclamação:

_ Tá animado em moço?!

_Rapaz não é animação não! É necessidade mesmo! (Rimos)

Me perguntou mais alguma coisinha sobre construção no terreno que limpava e no fim disse que se eu precisasse de alguma coisa, uma água fresca era só chamar na casa em frente e pedir a sua mãe.

Comovido ante a gentileza agradeci e disse que ao precisar iria mesmo fazê-lo. Nos despedimos e ele foi pro trabalho e eu retomei minha ginastica “Cross Xada”.

Passaram –se aproximadamente uns 50 minutos quando parei para respirar notei que vinha em minha direção uma senhora com um copo e uma vasilha nas mãos. Era a mãe do Juninho (nome do gentil rapaz), Dona Penha que ao aproximar já foi falando comigo. _Moço meu filho disse que tinha um homem capinando aqui sob o sol forte e pediu que eu trouxesse agua e um lanche.

E sorrindo me entregou um suco delicioso de laranja e pães de queijo recheados. Uma delícia de lanche. Comovido ante tal ação, agradeci com os olhos marejando. Gentileza ainda me comove e receber um mimo desse redobra nossas energias mais pela nobreza do ato que nutre nossa alma que pelo alimento em si que nutrirá nosso corpo.

Obrigado Penha e Junior!

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 20/12/2016
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