O primeiro contato com a dor foi aos oito anos de idade, tive osteomielite e fiquei um longo tempo de repouso absoluto com a perna imobilizada, minha melhor companhia foram os livros. Li os disponíveis e depois me emprestaram vários, assim o tempo passou mais rápido e amenizou a tal dor no osso que passei a considerar a pior dor do mundo.

Algum tempo depois me recuperei, organismo de criança faz estas coisas incríveis, comecei a fazer natação como fisioterapia e as lembranças ruins ficaram para trás. Como nada é perfeito fui uma criança que teve todos as doenças infantis, pegava viroses, gripes e tudo que estivesse no ar. Tive muito furúnculo, alergias, os dentes fraquíssimos me tornaram paciente fixa nos consultórios dentários. Isso sempre me intrigou, fui a vários dentistas sempre com a mesma pergunta sobre meus dentes fracos, caries constantes e quase sempre me acusavam de não escovar direito e não usar fio dental. De tanto ir ao dentista, ter quase todos os dentes obturados e quebrados adquiri verdadeiro pavor do som do motor. E nem mencionei as extrações.

Hoje penso que deveria ter feito um acompanhamento melhor, mas doenças autoimunes não eram tão conhecidas assim, fiz exame de tireoide com dezenove anos, comecei a tratar o hipotireoidismo com vinte e cinco anos. E o fator reumatoide fiz há pouco mais de dez anos quando fui pela primeira vez a um reumatologista, antes tratava minhas dores com ortopedista. Me considerava uma pessoa esclarecida até começar a frequentar palestras e congressos para pacientes portadores de artrite reumatoide, foi assim que entendi que sempre tive os sinais da doença mas nunca percebi. Instruir é uma necessidade, se eu soubesse um pouco sobre doenças auto imunes não teria perdido quase todos os dentes, não teria tomado tanto anti-inflamatório e analgésicos por conta própria, a alimentação e atividade física seriam prioridades desde o início.

Ainda bem que a vida inteira fiz acupuntura, shiatsu, e psicoterapia senão estaria muito pior. Fiz porque sempre me senti bem, hoje são práticas incentivadas e fazem parte do tratamento. Ainda há muito a ser feito mas sinto que estou  no caminho certo.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 20/12/2016
Reeditado em 01/02/2017
Código do texto: T5858749
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