HOMEM DE PAPEL

HOMEM DE PAPEL

Até quando o homem de novo no oculto estará? Nos auxílios do primeiro e confuso caos no Céu e na Terra? No oráculo que invoca o vôo dos anjos? Os tratados do medo que não ouve o verso magnífico e nada se encobre  no princípio presente abrindo as asas sobre o Abismo e é la que a escuridão dissipa na fraqueza que eleva e ampara a aurea do poder e o proceder do eterno homem. Observo tudo, o Céu, o profundo Inferno, a causa irresistível do desejo, o mover do sino, o tão caro transgredir as dores do universo, a sedução malvada da rebeldia, o torpe engano e seu ímpeto soberbo. O atormentado geme ali diante do intenso fogo que no campo sem vida ve no espaço um corpo à queimar dia e  noite, uma cena horrenda. O cair dos derrotados, os mortais confundidos no mar de fogo, a condenação que os guardam, o ferro em brasa do horror que marca, a glória perdida da alma em pânico, os tristes olhos de dor e o ódio constante da seiva satânica que contempla de sua prisão na fornalha os anjos à guerrearem. A escuridão e na dor dos desgraçados cai  um dilúvio de fogo sobre o campo de enxofre e seres alados sobem juntos rumo a cidade. Nesse lugar, o Céu caiu! Na queda os flagelos do homem com seu manto escarlate goteja nomes. É tempo de silêncio, é tempo de carne quebrada. A degradação  da vida olha as sombras dos mortos. Passado o gelo em toda a parte  e as velas dançam nas águas amargas do Rio das velhas e pobre de mim, homem feito de papel crepom  julgo a voz que me grita. Tenho,  acredito mesmo que como o milésimo homem que o céu seja azul; o trovão seja irreal e a morte quebra os diques.  As águas me rodeiam e deixam adornar o céu cinza  das gerações futuras. Muitas centelhas do ódio,  são amor a razão de seu silêncio. Com pensamentos cegos e venenosos pinta a rocha As flores em algum canto crescem e o vento sopra sobre a má lingua  e produz em um homem calado de sapiência.