A cumplicidade no casamento vem de Deus

CUM - PLI - CI- DA - DE

Gosto dessa palavra. Num relacionamento a dois é fundamental. Quando Deus no livro do Gênesis disse: “Portanto deixará o homem seu pai e sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Estava aí criada a cumplicidade entre o casal. Acredito mesmo que o amor não sobrevive sem cumplicidade. A cumplicidade é o elo que os une. O juramento na celebração do matrimônio seria possível sem cumplicidade? Na saúde, na doença. Na tristeza na alegria. Só se cumpre se os nubentes assumirem a condição de cúmplices.

Alguns exemplos corriqueiros na vida de um casal: O marido repreende e coloca a criança de castigo, se a mãe tira, quebra a autoridade do pai. A mãe permite a filha sair com as amigas, o pai desfaz e não deixa. Por mais razão que um ou outro tenha, deve ser conversado em particular e aquele que for convencido, se cumplicia com o outro apoiando a atitude.

É comum entre os cônjuges haver diferenças, discórdias até. Mas é fundamental que a opinião final tenha o aval do outro. Os parceiros são perfeitos na opinião de cada um perante terceiros. Se um dos parceiros denigre a imagem do outro, junto a colegas, parentes ou vizinhos, este carreia para cima do outro a fama de má pessoa. (a sogra e o cunhado aproveita logo para dizer: “eu não disse, não casou enganada”). Se num acidente de trânsito o parceiro diz: eu não disse que você tava correndo demais? Complicou tudo. Não quer dizer que um tem que passar a mão em todos os erros do outro, não. As diferenças têm que ser discutidas a sós. Se eu assevero que tem que haver cumplicidade, não quer dizer que um se anula, que só um tem razão. Não. O diálogo existe prá isso, apesar de hoje em dia não mais se praticar. Inventaram uma tal de “DR”.(Discutir a relação). Dialógo não é discussão, é conversa a dois. Com um português apropriado, sem palavrões. Sem alterar a voz e principalmente com espírito aberto para a conciliação.

A cumplicidade deve ser praticada principalmente nos momentos difíceis. Perda de um ente querido, discussão no trabalho, desclassificação do time da preferência, doença do outro ou de alguém na família. Perda do emprego, para abordar o momento atual do país, requer muita cumplicidade, para que o parceiro levante a cabeça, não se sinta incompetente, não se ache “o coitadinho e baixe a cabeça”. Encoraje o parceiro, mostre que ele não está só. Que outras oportunidades virão. Se não trabalha, ofereça-se para ajudar no orçamento do lar, fazendo alguma coisa para obter renda. Quando se está afogando no mar da vida o que mais se deseja é uma mão para se agarrar. Seja o primeiro a estender essa mão, lembre-se: VOCÊ É CÚMPLICE.

Conto-lhes duas situações que ocorreram conosco, eu e minha esposa.

Éramos namorados ainda e tive uma doença pulmonar grave, (as pessoas não gostam de falar tuberculose). Fique desesperado quando recebi a abreugrafia. Dirigi-me a casa dela e propus acabar o relacionamento, pois ela podia se contagiar e eu não queria isso pra ela. Tínhamos dez meses de namoro. Qual não foi a minha surpresa quando ela me confortou dizendo que aquilo era uma doença besta, que a medicina estava avançada e que fazendo o tratamento ficava logo bom. Eu entendi aquilo como uma grande prova de amor, depois foi que entendi que foi cumplicidade comigo na doença. Quis Deus que no dia seguinte ao apresentar a tal “abreugrafia” ao médico, ele disse que estava com uma falha técnica e que eu não tinha nada daquilo. Fiz outros exames e deu tudo normal.

O outro caso: Eu trabalhava em uma empresa há mais de três anos. Era bastante importante na filial. Mais reconhecido que eu, só o gerente que tinha vindo do sul. Tudo que queriam. Chama Massilon. Tem um problema com bancos ou fornecedores. Manda Massilon, e eu me achava o “tal”. Um belo dia, ao chegar na empresa o gerente me convidou a sua sala e secamente me disse: a empresa resolveu a partir de hoje dispensar os seus serviços. O chão fugiu dos meus pés. Eu nunca pensei em isso ocorrer comigo. A noite, ao voltar prá casa, desabei em lágrimas contando o ocorrido a esposa. Estava desesperado. Casado, com um filho com menos de um ano. Não via futuro prá mim. Foi aí que entrou a cumplicidade. Ela disse: que é que é isso? Não existe só essa empresa prá você trabalhar não. Se você era importante prá ela, outras reconhecerão seu valor. Não fica assim, levanta a cabeça. Eu trabalho vou te ajudar. Reduziremos as despesas e vai dar tudo certo. Levantei. Fui no banheiro, lavei o rosto, ergui a cabeça, abracei-a, beijei-a e disse: estamos juntos para lutar, a vitória é consequência dessa luta.

Estamos completando quarenta e três anos de CUMPLICIDADE, pois sem ela não haveria amor.

Ia me esquecendo o nome dela é SOCORRO, o meu socorro.

Massilon Gomes
Enviado por Massilon Gomes em 10/01/2017
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