Blein, blein

Blein, blein, blein

Primeiro explico o título.

“Blein” é o som que um bendito relógio, modelo antigo, com pêndulo, que faz uma vez, a cada meia hora e tantas vezes quantas horas marcar o referido, e que fica na parede contígua, (contígua bela palavra), ao meu quarto.

Após um dia bastante agitado, cerca das 23:50 horas fui dormir. Depois de algum tempo, perdi o sono, se é que sono se perde, não entendo isto. Sono é algum objeto que se pode perder? E mesmo que fosse, não era problema, pois se perdido fosse, era fácil de achar, já que não saí da cama, era só pegar, mas deixa pra lá, voltemos ao assunto. Então ouvi um “blein”. Pensei comigo, se vim dormir quase meia noite e se um “blein” é a cada meia hora, pode ser que eu só tenha dormido pouco mais de meia hora.

Raciocinando um pouco mais, poderia ser uma hora, que também só tocaria um “blein”, ou uma e meia, que também só tocaria um “blein”. Resolvi então não dormir para saber exatamente que horas eu acordei. Bastava aguardar mais meia hora e estava tudo esclarecido.

Vagando nessas meditações eis que o bendito toca, “blein”, fico ansioso aguardando mais toques, nada. E agora? Se o primeiro “blein” foi meia noite e meia, esse poderia ser uma hora. Mas se o primeiro "blein" foi uma hora, esse seria uma e meia. Continuei na dúvida. Só me restava aguardar mais meia hora para saber exatamente que horas “perdi o sono”, como popularmente se diz.

Ora se já fiquei meia hora, que custava mais meia hora? Resolvi aguardar o próximo “blein”, mas cansado como estava, peguei no sono. Como pegar no sono? Eu nem sei como é o sono, como peguei? Melhor dizer o sono me pegou. Mas sono tem braços? Tem mãos? A verdade é que passado algum tempo e não ouvindo o “blein”, abri os olhos e verifiquei no display do decodificador da TV a cabo que era uma hora e quarenta minutos, então fiquei sabendo que havia “perdido o sono” a meia noite e trinta.

Alguém pode perguntar de que valeu essa constatação? Eu respondo valeu para me inspirar a escrever esse texto que vocês acabaram de ler.

Eita ele começou a tocar: “blein, blein.

Massilon Gomes
Enviado por Massilon Gomes em 10/01/2017
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