Mensagens que edificam - 269
Cercas, muros, fronteiras, limítrofes de espaços que pela ordem natural seriam comuns e de todos.
É meu, é minha, sou o dono, sou eu quem mando.
Até quando?
Santa ignorância que impõe argueiros nos olhos e faz com que o ser humano tenha um flerte com o metafísico e se imagine um semideus. Se de deus pouco se sabe, e o muito que se tem nota são anotações sem uma harmónica conotação, divergentes na forma, no sentido e no teor, por momentos só há senhor e a escassez de um servo inviabiliza a estrutura administrativa deste complexo chamado vida.
Ambição desenfreada, cobiça desmedida, ausência de um contentamento que se contente com a satisfação de estar vivo.
Falta saber que ninguém é dono de nada, e tudo que temos é um fôlego emprestado e um existir condicionado. Sou feliz se tenho saúde e prosperidade, todavia se me falta, tudo perde o sentido e o sentimento que resta é que somos o resto, ou a sobra.
Se adestrássemos nossos sentimentos à essência saberíamos que o ser é o verdadeiro ter de uma existência.
Minha paz não depende apenas da ausência da guerra, mas da certeza de que a minha presença faz toda diferença nesta terra. Deveríamos ser muito mais "somos" do que "temos". Pra que servem mesmo os muros?