O PLANO "A" DA BORBOLETA AMARELA
 
            Hoje de tarde levei minha mãe ao dentista e uma borboletinha amarela nos acompanhou, por boa parte do caminho, como um papelzinho de seda amarela solto ao vento. Enquanto isso, Dona Andrelina e eu discutíamos sobre ser “bocó” ou “vacilão”.
            — Mãe, “bocó” não se usa há mais de cinquenta anos!
            — Então como é que se fala agora?
            — “Vacilão”, mãe, agora é “vacilão”!
            — Credo! Prefiro “bocó”!
            E a borboletinha amarela ficava para trás, depois passava adiante, ia ali xeretar sei lá o quê e voltava. Sem vacilar, a danadinha nos acompanhava, mostrando que sabia aonde ia.
            Acho que não posso dizer o mesmo da nossa conversa filosófica sobre as espertezas ou “vacilos” dos terráqueos. Nem me lembro como terminou ou se terminou.
           Lembro-me apenas de ouvir minha mãe falando das uvas que compraria no caminho de volta na quitanda do Léo e também de ter procurado a borboletinha enquanto olhava um livro do Nicholas Sparks na vitrine do sebo do Barba.

            Não encontrei a borboletinha amarela, mas encontrei um caminhão de lembranças de planos A abortados, com ou sem o meu consentimento, e sem os devidos planos B.
           
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Carlos H F Gomes
Enviado por Carlos H F Gomes em 23/01/2017
Reeditado em 14/02/2017
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