Croniquices

Nesta semana, comecei a cursar uma Oficina de Crônicas. Finalmente! Até então, escrevia “tirando de ouvido”. Mas sempre quis ter o talento de “tirar de letra”, já que estamos falando nelas.

O método que aplico, digo, o jeitão como as “croniquinhas” se libertam da minha mente e se materializam em textos é um tanto atabalhoado. Para mim, parece que funciona, mas julguem vocês.

Primeiro, surge uma inquietação: ou uma crítica a algo ruim, ou um encantamento com algo bom. Se isso não acontecer, não rola texto. Se acontecer, talvez role.

Um texto, pra mim, tem que ter início, meio e fim. O meu começo de texto é sempre um fato. Eu enuncio um fato, e então comento a tal inquietação que o bendito fato me provocou. Com isso, já tenho o primeiro parágrafo. Deixo ele quieto, guardadinho ali na memória.

Se eu consigo imaginar um final para o texto, assim, nem que seja ainda nem um pouco elaborado, então já me arrisco a escrever a coisa toda! Mas só se eu realmente me convencer de que este final imaginado “fecha” com aquele início memorizado, pelo bem da coerência.

E aí já pego um papel. Pode ser pequeninho, pode estar amarrotado. Pode até ser eletrônico. Importa é que esteja bem à mão. Porque agora começou a ficar sério o negócio!

É nesse momento que uma floração de ideiazinhas para o texto me vai surgindo. E, como não sei o que fazer com todos esses brotinhos, apenas anoto. As danadinhas somem tão rápido quanto aparecem e, se eu não der um jeito de agarrá-las no papel, ai de mim, já eram!

Quando elas param (um pouco) de aparecer, chega a hora de organizar as coisas e fazer tudo aquilo parecer um texto. As primeiras frases vão direto para a folha, iguaizinhas como estavam memorizadas. As frases finais também vão para lá, e ficam quietinhas aguardando edição.

E o “recheio"... Ah, esse aí tem que ser jogado, cortado, batido, espichado, costurado, bordado, floreado, até ficar apresentável. E principalmente compreensível!

É minha preocupação atroz e angustiante que o texto seja compreendido, que as ideias e sensações sejam captadas, que o que eu quero dizer não fique confuso. Por isso busco ansiosamente o retorno, saber a impressão de quem lê, receber sugestões e correções.

Dessa forma, creio que vou mesmo aprender o riscado. E então, tomara, vou conseguir produzir minhas croniquinhas com verdadeira qualidade.