Dia fora.

Bebi um gole d'água. O ácido contido em pensamentos meus tornou dolorosa, cortante, a viajem do líquido vital em minhas entranhas. Tornei a beber, a dor não causa mais medo. Canalizo o gosto amargo, engulo saliva, sapos e, ainda assim, sorrio.

A notificação do meu celular alarma:

'Tenho medo d te fazer mal. Depois dessa acho melhor darmos um tempo. Preciso. Bjos.'

Na sala, em frente ao aparelho, assisto 'gols da rodada' e penso: meu time capenga vai entregar os pontos novamente. Cansamos de lutar ou nunca lutamos? Por que não sabemos agir sob pressão? Uma guinada agora seria o ideal. Mas não, desistimos. Precisamos de tempo.

Vou ao quarto, preciso de ar, de música.

Respiro profundo(respirar dói também).

Fecho os olhos. . .

"See you... See you..."

Dave, aos berros, verbaliza meu pensar. A música tira um pouco a tensão. No entanto, quero algo agressivo, quero bater, apanhar, sangrar e coagular, renascer.

Quero mais... Velocidade.

Saio dali às pressas.

Estico a primeira, o vento arma meu cabelo, posiciono-me para melhorar a aerodinâmica.

Cruzo um caminhão a oitenta por hora. Por ele ter imensa quantidade de movimento, o vento faz a moto tremer durante a ultrapassagem. O medo dá prazer, a morte iminente sorri.

Consigo a velocidade centésima, tento obter mais mas não posso, tenho de brecar, brochar diante da lombada.

Relaxo os punhos. Diminuo. Paro.

Volto ao quarto.

Enquanto faço flexões, john fala algo parecido com 'when you by yourself and there's no one else, you just have yourself and you tell yourself... Just hold on.'

Termino os apoios, respiro fundo, suspiro:

'Tenho de ter calma, preciso de anestésicos.'

Deixar estar, deixar estar.

renato barros
Enviado por renato barros em 02/08/2007
Reeditado em 22/09/2021
Código do texto: T589812
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.