A voz da TV

Saudades de minha infância. Época que não havia uma estável conexão com a internete, e tudo o que poderíamos fazer para nos entreter tecnologicamente, era assistir a tão boa e velha TV.

Bons tempos de minha rotina de desenhos. Religiosamente respeitada, de sábado a sábado.

Sem culpa, obrigações, nada. Salvo as tarefas escolares.

Lembro que, idependente do desenho, filme ou série, acabava por criar um certo sentimento seja de carinho ou aversão, não pelo personagem. Mas sim, pelo dublador.

Quantas vezes? Totalmente empolgado com o desenrolar da série ou desenho, e em um episódeo, quando menos esperava, mudavam o dublador.

"Isso não vale"!

Diz aí você, leitor. Não perde a graça?

Não era só um mero entretenimento. Mas sim, várias questões de sentimento!

Vai dizer que você nunca teve uma quedinha por certo personagem também. Se a resposta for sim, me responda: Não quebra o clima? Ahah, eu sei do que estou falando! Risos.

Com o desenrolar de uma trama ou animação, você aprende a lidar e talvez aceitar a expressão de cada personagem. Claro, tendo como referência quem. O dublador!

E não tem jeito. Seja vilão, mocinho ou incógnito, a mudança é sempre sentida com a mesma intensidade.

As justificativas para a aversão aparecem de montes. Seja o vilão que de acordo com o timbre e modo de utilizar a voz, não convence ser tão mau, o mocinho que faz cena de mais e se torna irritadiço, o incógnito que por mais que o roteiro seja o mesmo, a voz acaba por entregar todo o jogo.

Sei, existem proficionais e proficionais, que para estar representando nossos queridos personagens em nossas telinhas, precisam ser realmente bons no que fazem! E sim, realmente são.

Gente, em momento algum, estou querendo criticar o trabalho de ninguém. Afinal, quem sou eu pra isso, né?

Somente uma observação quanto as mudanças repentinas de dubladores, saiba-se lá por qual motivo específico, que acabam por confundir nossas mentes!

Quer um bom motivo?

Imagine um deficiente visual sem audiodescrição. Em uma série ou desenho, ele demora quase dois episódeos para se identificar com a maioria dos personagens. Quando ele em fim consegue desfrutar igualitáriamente do conteúdo, muda-se repentinamente o dublador de seu personagem favorito, ou qualquer outro específico que ele observava mais de perto. Seja uma bela dama, alguém suspeito que poderia ser o tal, "vilão desfarçado".

Mui difice, né?

Mas deixo estampado nessa crônica, o apreço desse tão jovem colunista, quanto a a tão magníficos proficionais que proporcionam o perfeito entendimento de nossas belas fontes de entretenimento!

Reconheçamos, é muito talento em questão. Seja para os dubladores, que procuram o mais apropriado timbre de voz para melhor representar o personagem em questão, e também os roteiristas! Que tem a responsabilidade de adaptar tais falas para melhor aceitação no país exibido. Nesse caso, o Brasil. Ok?

E se você teve a paciência e curiosidade de chegar até aqui E não está entendendo absolutamente nada do que estou tentando dizer, permita-se fazer para si próprio as seguintes perguntas enquanto estiver assistindo algum conteúdo dublado.

O que sinto quando ouço a voz desse personagem? Combinando o modo de agir e possivelmente a imagem, a voz combina?

Mais uma vez, permita-se!

Boa sorte!