Medellin x Brasil
 
Dia comum para alguns, especial para outros e trágico para muitos. Ninguém sabia e nem sequer previa a dimensão do transtorno que se aproximava... da dor que causaria... do choque emocional que se apresentava na proporção para tanta indagação, dúvidas, sofrimento e indignação no desfecho daquele voo de Capecó a Medellin. Ninguém imaginava que a euforia, as esperanças, a alegria e as vibrações já antecipadas fossem acabar como um copo d'agua jogado no molho efervecente.
De repente, Colômbia chora, Brasil também, e partilham desta dor milhares de olhos indignados razeiam d'gua... parecia repetir-se as palavras de Jesus: "Eli Eli, lamma sabácthani? "Hoc est: Deus meus, ut quid deriliquísti me?" (Mat 27, 45-52) (Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?).
É preciso buscar alguma essência antálgica que viesse aliviar tanta dor e desespero e transformar o estado de choque em reflexões cabíveis em nossos neurônios, compreensão, entendimento e a difícil aceitação.
O avião da LaMia, prefixo CP-2933, despenca por falta de combustível.
A chuva, do céu, jorrava; o vento uivava por entre a ramagem da mata e o caminho para o socorro era íngreme e lodacento a se somar com o estertor dos que ali jaziam a mercê do socorro que demorava a chegar... A chuva indolente parecia querer lavar o sangue derramado de corações partidos, estraçalhados, e lágrimas de dor e de pavor... Finalmente, o regate se concluía... apenas seis sobreviventes, os demais, setenta e um (71), eram apenas corpos transladados de Medellin, Colômbia, a Chapecó, Brasil.
Era ali o cerimonial. A Arena de Condá se torna palco de um fato comovente, inédito e emocionante naquele campo antes marcado pelo brilhantismo. O que era para ser uma festa de vitória torna-se um paradoxo.  
Sabemos que fatos semelhantes a esse já aconteceram. Não foi o primeiro neste planeta, mas coloquemos fé para que seja o último e que os heróis vitimados por motivos inaceitáveis e libertados pelo Deus da vida enviem suas luzes sobre todos e, especialmente, sobre que assumem a responsabilidade de proteger a vida.
Finalizo renovando as esperanças e fortalecendo as palavras do Senhor da vida e do amor que diz: "Enxugarei todas as lágrimas de seus olhos; e não haverá mais morte nem luto, nem clamor, nem mais dor, porque tudo isto passou. Eis que eu renovo todas as coisas. E ajuntou: Escreve, porque estas palavras são muito dignas de fé e verdadeiras. (Apocalípse 21, 4-5)”
 
Foto: Crédito – Matt Varley/Reuters. 
Juraci da S Martins
Enviado por Juraci da S Martins em 20/02/2017
Reeditado em 20/02/2017
Código do texto: T5918205
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