TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Até meados do século vinte a humanidade era formada por uma maioria de crédulos.

Tais crédulos se dividiam entre ignorantes, inocentes, acomodados e perfilados, tendo os últimos capacidade dedutiva considerável, mas não opunham qualquer tipo de consideração ante o que lhes era imputado por instituições ou empresas. Apoiavam ou se conformavam.

Começou, lá pelos anos sessenta, com a contra cultura, o jeito contestador que impera entre nós até hoje. Não houve melhora social ou individual quanto à percepção concreta do que ocorre no cotidiano mundial, porque para que isso pudesse ocorrer, seria necessário educar bilhões de pessoas, alimentar outros bilhões, democratizar o acesso ao conhecimento, estudo, participação social, tornar mais segura e estável a vida, assistir às necessidades populacionais com eficiência e imparcialidade. Nada disso foi feito, em volume considerável.

Tornamo-nos contestadores, críticos, teóricos da conspiração. Só que tais posturas nada têm de sensatas, vez que são guiadas por simpatias ou antipatias, emoção, intuição, instinto, mas carecem de fundamentos pragmáticos, e geram princípios ou idéias controversas, partidarismo, ideologismo, sectarismo, paranóia e catastrofismo, entre outras aberrações.

É evidente que vivemos, nos dias de hoje, o fim de uma civilização que nunca se definiu abrangentemente, e que se fragmentou, principalmente por motivo de ganância, em diversas aventuras sociais, cujo resultado predominante sempre foi desastroso e trágico. Mesmo nas paragens em que houve algum progresso, o massacre cultural, biológico e ambiental é intenso.

Porém, esse estado de coisas não justifica a generalização da contestação infundada, quase sempre exibida com arrogância e justificativas que só se sustentam na mente dos articuladores e simpatizantes, que preferem apoiar sem analisar, detidamente, o que lhes é apresentado.

Isso ocorre na política, na saúde, nas convenções sociais, nas religiões, nos conceitos esotéricos e espiritualistas, na análise de profecias, no ensino formal e, mais especialmente, na forma como tentamos imaginar o que existe além de nosso mundinho orbital.

Sentimo-nos importantes quando contestamos, exibindo conhecimento intelectual, indo de encontro ao que parece ser golpe, enganação, opressão, tentativa de dominação, maldade, elitização, manipulação ou supressão de direitos. Quem não contesta é considerado alienado, conformado, hipnotizado, adormecido, já que todo poder tem de ser considerado corrupto, toda informação tem de ser mentirosa e todo acontecimento foi distorcido, aparentemente.

Tenho ouvido muita imprecação contra todo tipo de teconologia, mas sempre vejo iniciativas positivas, que trazem benefícios indiscutíveis para grupos e pessoas, em próteses, exames, geração de energia, inventos vários, veículos, acessórios eletrônicos, tratamentos alternativos e convencionais mais humanos, moradias e agricultura sustentáveis.

Do mesmo modo ouço sobre maus políticos de esquerda e direita, porém, é preciso que enxerguemos o ser humano como falho, em muitos sentidos. Todos os sistemas são ruins e corrompíveis, e todos nós somos corruptores e corruptos em potencial. É preciso olhar além dos rótulos ideológicos e privilegiar atitudes, não pessoas ou princípios doutrinários. Importa muito mais se tal ato foi bom ou ruim, do que quem o praticou. Temos de eleger, analisar, ter em conta e apoiar as boas atitudes ou iniciativas, não importa de onde venham. E elas vêm.

Religiosos se agridem o tempo todo, em pensamento, palavras e atos. Mesmo os mais tranqüilos, consideram seu caminho correto e o dos outros uma perdição. Religião é religação com o divino, que, em si, é criador de tudo e todos. Eu, que sou migalha rústica da criação, jamais optaria por alguns seres por mim criados, em detrimento de outros, por piores que suas atitudes fossem, então não posso imaginar uma divindade que aja de modo mais tosco que eu.

O religioso que está no bom caminho, considera todos os seres como seus iguais, em tudo, busca a confraternização todo o tempo e jamais se sente melhor ou mais abençoado, porque o Deus real e perfeito só pode amar a todos, indistintamente, abençoando a todos por igual.

Constantemente recebo informações sobre o fim do mundo, domínio de E.Ts., iminência de invasão, contato, escravização de humanos e algo assemelhado, mas tudo é muito fugidio, assim como as filmagens sempre são péssimas, mesmo na era digital. E nada acontece.

Prefiro pensar que todos os governantes e seus legisladores são bestas quadradas, que se julgam inteligentes e poderosos, e que há um princípio criador sobre tudo e todos. Estamos atolados em insensatez de todo tipo e somos egoístas, individualistas, Prestamos muitíssima atenção às tragédias, mas desprezamos as boas ações. O fim atrai mais que um recomeço.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 26/02/2017
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