Cama de Gato
Por : Alexandre d’ Oliveira
 
     Hoje a prosa é outra e sempre tem alguém que nos passa o passo a passo antes de entrarmos na brincadeira. Para mim que fui um garoto sem tantas regalias, jamais imaginei passar por situações adversas, ou tão parecidas. Tanto é que conversando sobre este assunto com alguns amigos relataram coisas que jamais imaginei ocorrer nestes dias tão festivos, e hoje bastante propícios para fazermos o que bem quiser. Mas dentre estes a que mais me surpreendeu foi a que minha esposa contou.

Disse ela que já foi pega de surpresa pelo entrudo, e tomou uma cama de gato que até hoje ela lembra. Mas isto foi num tempo remoto bastante diferente dos dias de hoje onde realmente brincávamos o carnaval sem tanta frescura, sem demagogias e sem segredos, tampouco receios mediante seus detalhes que aflorava, e hoje foge das antigas marchinhas, e a saudade sem pedir licença adentra em nossas casas sem fazer sequer algum alarde ou menção e a gente leva a pior, na melhor dentre tantas hipóteses.

No entanto era realmente brincadeira de amigos. E eu recordo muito bem como se tivesse vivenciado todo ocorrido algumas horas depois do entrudo entrar, e sair da folia onde de tudo se jogavam e ficavam como que estivesse ao alcance no do alvo. Eu num carnaval, com minha amada, decerta forma poderia  imaginar como que dois sujos numa cidade nua  onde as cinzas se apossavam antes da festa acabar.

Enfim eu recordo do banho que de fato levei numa tarde de carnaval na cidade de Lucena, tinha tomado meu banho e ficado nos trinques melhor do que estou agora, um garoto perfumado e muito bonitinho, galã de tantos enredos de novelas, saí da casa de uma tia, e de súbito levei outro banho inesquecível e isto me marcou profundamente. Mas o que fazer?... Nada além, nada mais senão aceitar onde depois de muito tempo que vi o quanto fui ingênuo, babaca literalmente, ignorante até demais, e inocente tal qual menino do interior.

Porém um tanto quanto inconsequente. Menino que não vê maldade em nada, que para ele é tudo beleza quando vi que depois de cinzas só sobreviveu aquele que quer ainda saber o que era carnaval em determinada época.
Mas, olha a cabeleira do Zezé, será que ele é ?...

A folia pela avenida passou distante esperando a banda tocar para manifestarmos antigas emoções, de ir e voltar bem depressa para sair no Galo da Madrugada, ou no Bloco dos Inocentes que de Inocente não tinha nada.