Ela ouvia atrás da porta...

As tias falavam alto e em determinados momentos, cochichavam. Ema se esforçava para ouvir e como de costume, uma das tias a espantava como um 'cão sarnento'.

- poxa vida!

Ema saía balançando suas tranças, chateada de braços cruzados.

- nunca posso ouvir.

No dia seguinte, no mesmo horário, lá estava Ema.

Mais risos e os cochichos mais baixos.

Ema se encosta mais um pouco na porta, na esperança de ouvir alguma coisa que 'matasse' aquela curiosidade.

E de repente...

Plaft!

Ema cai de cara no chão.

Uma das tias não perdoa.

- olha só essa 'sonsa' de novo aqui!

E pega Ema pela orelha, levando-a para fora...

A menina chora num canto.

Clotilde, irmã de Ema, sempre estava com suas tias e ela não entendia porque não podia estar também.

Um dia, a menina "sapeca" de sete anos, finalmente conseguiu ouvir algo e as indagações só aumentaram.

- gostamos que eles puxem nossos cabelos e ...

Os cochichos voltaram.

Ema sai e pega em uma de suas tranças.

-puxão de cabelo? Elas estão falando de 'briga'? E com eles?

A cabeça da curiosa menina deu um 'nó'.

___

Viveu com aquela frase por anos em sua cabeça.

Casou-se e quando já tinha muitos anos de casada, resolveu dar um 'puxão' no próprio cabelo, Ema achou bom e associou ao 'periodo fértil'. E quando o marido chegou...

- boa noite 'bonequinha'! Ele beijou-lhe os lábios.

Ela toda animada...

- amor, pode puxar meu cabelo hoje?

Ele a olhou perplexo.

- que? Puxar seu cabelo?

- é!!!

Ela diz toda empolgada.

- Ema onde você leu isso? Naqueles livros inúteis? Ou foi algum homem que puxou seu cabelo?

Ema mesmo chateada com a ofensa, responde.

- fui eu mesma...

- muito estranho, esse seu pedido.

___

* Toda criança tem direito de 'resposta'. Podemos evitar outras 'Emas'...

06/03/07 segunda-feira 17:25

Tati Vitorino
Enviado por Tati Vitorino em 06/03/2017
Código do texto: T5932636
Classificação de conteúdo: seguro