Mensagens que edificam - 285
Bater na mesma tecla pode transparecer uma atitude inconveniente, mas se o mundo insiste no mesmo refrão será inevitável ampliar o repertório. O sambista pode saber outras notas, mas se a melodia do enredo exige um repeteco mais parecido com um disco arranhado, assim será. "Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância", mas a morte insiste na sua ceifa, e não é seletiva, nem aceptiva. Morrem justos e injustos, crentes e incrédulos, fervorosos e céticos, todos de igual modo. Os hospitais estão abarrotados de crentes e não há oração que dê jeito. A oração não tem podido muito em seus efeitos, e os milagres ficam cada vez mais perdidos numa compilação onde uma alegoria encorajadora estimula os que se dispõe a levar isso a sério. Os cegos de nascença, os surdos, os mudos e os paralíticos já se recusam a buscar estes redutos de esperança e promessas frívolas. Dor de cabeça, mal estar, diarreia??? Onde estão os cancerosos em estágio final? Nos corredores da morte dos centros de oncologia. E ainda ouço discurso de que precisamos derrubar a prédica da mitologia.