cotidiotando

ele, o homem composto de nome composto e sobrenome ouve do despertador o convite à loucura. pensa que o despertador repetindo avisa que a inércia lança ao infinito de vazio... "mas não é só se tudo o que não for vazio freiar de repente?" evita pulhices. continua.

aproxima de seu pulso, com um relógio, a lógica de quem inventou a lógica. "quem?" e se conserva convicto de que precisa estar no páreo e chegar a tempo para o recorde.

abdica de entender até o que sente. e já nem sente, mas jura que entende. se faz seco como uma história só de pontos finais. anda por entre humanos que lhe são velhos conhecidos, conhece há tempos essa coleção de cascas.

almoço executivo amargo. come solidão e pasta preta, bebe gravata italiana fatal feito forca.

vê uma vidraça polida que embaça feito miopia.

milhares de caracteres até que a fumaça ponha o sol.

antena sem estrela.

e, pra se distrair um pouco, se destruir aos poucos.

e é hora de dormir (finalmente, que esse cara me cansou.) - e sem rezar, por favor, que fazer prece é falar consigo e Deus o livre de falar com desconhecidos.

Fernanda Lobo