Preconceitos, que razões têm?

Nos dicionários encontramos como significado de preconceito: ideia, conceito ou opinião formada desfavoráveis, contrários, depreciativos e sem fundamentação ou embasamento em dados objetivos.

Ou seja, poderíamos ter posição construída por nossa subjetividade, que pertence, exclusivamente a nossa opinião, interpretação, sentimento...

A subjetividade é a construção que cada indivíduo faz por meio de suas experiências vividas. A subjetividade não é inata é construção individual influenciada pelo ambiente onde a vida acontece.

Assim, parece caminho razoável para explicar o preconceito, como sendo “nós”, “grilos” de nossa existência e, assim, nada melhor do que pedirmos ajuda da psicologia.

Essa abordagem é simplista, pois não temos qualquer formação profissional a respeito, a não ser a experiência de identificarmos “nós”, “grilos” e buscarmos entendimento sobre os mesmos.

A psicologia faz enorme esforço para nos ajudar nessa árdua missão. Diz ela que temos mecanismo de defesa, batizado de Projeção.

É por meio desse mecanismo de defesa que projetamos: pensamentos, emoções, desejos e sentimentos que, por reconhecermos indesejáveis, impuros e completamente fora de “padrões”, recusamos a aceitar que nos pertencem e os projetamos como sendo de outros.

Para ilustrar: um dos cônjuges tem pensamentos de infidelidade e, em vez de lidar com esses pensamentos indesejáveis de forma consciente, projeta de forma não consciente esses sentimentos no parceiro.

Assim, como já antecipamos, de forma simplista e sem qualquer autoridade profissional, podemos reduzir os preconceitos como resultantes desse mecanismo de “projeção”.

Assim, o racismo seria projeção no sentido de recusar-se a reconhecer que os sentimentos, pensamentos, desejos... que aquele padrão racial (por sinal indevidamente elaborado) lhe provoca correspondem a projeções diversas sobre si mesmo, cujos objetos dessa recusa devem continuar a pertencer a outros.

Além da projeção, a falta de informações, principalmente no caso brasileiro, é fato que se soma para resultar em preconceitos raciais. Se o brasileiro tivesse consciência que, em sua maioria, é filho por parte de pai de europeu e por parte de mãe de asiáticos (indígenas, ou nativos) e de africanos escravos, seria mais difícil o mascaramento pela projeção recusando suas origens, rios de mesma nascente.

O preconceito ás opções sexuais, consideradas diferentes das observadas na natureza, seriam projeções para defender-se do reconhecimento de que fazem parte de todos nós os dois gêneros, somos todos resultantes da junção do óvulo representante do gênero feminino e do espermatozoide do masculino.

Será que existe algum filho sem nada da mãe e alguma filha sem nada do pai? A projeção estaria nesse mecanismo de defesa, para não reconhecer que cada um de nós contém alguma coisa do sexo oposto ao de nascimento.

O preconceito religioso seria projeção para proteção de seus dogmas. Como se outra se tiver dogmas considerados como verdadeiros, invalidaria os dogmas da religião do preconceituoso e abalariam os alicerces de sua fé.

E, assim, de forma análoga, entenderíamos de forma simplista e o quanto de absurdo existe nos preconceitos. De forma especulativa, chegaríamos à conclusão de que de forma geral os preconceitos são criados por mecanismos de defesa de cada um de nós e por nossa ignorância.

A projeção, mecanismo de defesa amplamente utilizado por nós reduz e limita relacionamentos, alimenta conflitos e nos afasta do conhecimento sobre nós mesmos.

A vida nossa de cada dia tem muito de espelho mágico, reflete com muito mais intensidade aquilo oculto em nós, que nos recusamos aceitar. Os preconceitos são imagens desse espelho mágico.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 14/03/2017
Reeditado em 14/03/2017
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