NO TEMPO DAS PERDIZES

Após dois anos no bairro de Santa Cecília, finalmente mamãe encontrou uma casa conveniente e nos mudamos para as Perdizes. Nas cercanias do Parque da Água Branca, numa rua tranquila e arborizada, bem perto dos primos iniciei uma nova etapa da minha vida.

Em fevereiro de 1958 fomos para a rua Costa Júnior. A casa, com jardim na frente e degraus para o terraço, ainda guardava cheiro de tinta fresca. Era espaçosa, clara e agradável. Mamãe e papai lá permaneceram por mais de quarenta anos. Os filhos deixaram-na de um em um, depois vieram os netos, que ali gostavam de brincar.

Logo nos primeiros dias os jovens que moravam por perto começaram a se aproximar e nos cumprimentavam dizendo “como vai?” A resposta era também “como vai?”. Depois as conversas se alongavam. Essa história de dizer “oi, tudo bem?” só vigorou mais tarde.

Comemorei meu aniversário de quatorze anos nas Perdizes, com uma reunião do tipo arrasta-pé, com a mesa da sala de jantar encostada à parede. Assim sobrava espaço pra dançar. A ela compareceram algumas meninas e meninos da vizinhança. Pouco tempo depois, eu e meus irmãos já estávamos enturmados.

Eu encontrava quase todos os jovens vizinhos no ponto do bonde, na avenida Matarazzo. Às vezes eu pegava o ônibus na avenida Antártica, naquela época com apenas uma pista pavimentada. A outra era de terra. Hoje, nesta mesma avenida, fica o Shopping Center West Plaza.

Às seis e meia da manhã os passageiros eram todos estudantes.