Diga NÃO ao Papai Noel

Há muito tempo me pergunto sobre a verdadeira utilidade do Papai Noel, na atualidade. Seus valores Europeus, o alto custo da manutenção das renas, a grande desigualdade pregada por ele – por, a uns entregar grandes presentes; a outros, pequenos; e a outros, nada – e a alta folha de pagamento dirigida aos duendes são alguns dos motivos que me levam a questionar sua serventia.

Não há desilusão pior para uma criança, ao receber um presente, que não ser o pedido ao do velho barbudo. Ou, então, que desgraça!, não receber o tão sonhado presente, depois de ter se comportado bem o ano inteiro, escrito dezenas de cartas ou mesmo pedido por telepatia. Nunca esquecerei, aliás, de um fato que ocorreu, dizem as más línguas, há alguns anos na África:

Papai Noel sobrevoava aquela região no seu trenó novo – abarrotado de presentes, diga-se de passagem – junto a seus duendes, que o acompanham até ao inferno, se assim fosse preciso. Vendo aquelas crianças anoréxicas, desnutridas e esfomeadas tentando perseguir seu veículo e implorando por um presente de Natal, sarcástico, pronunciou a seguinte frase: Papai Noel não dá presentes para crianças que não se alimentam bem. Que horror! Como Papai Noel pode falar uma coisa dessas? Justo Papai Noel, o grande ídolo de qualquer criança, pronunciou aquela frase. A partir daí, minha ilusão a respeito dele terminou. Decidi que ele seria apenas mais uma triste lembrança de meu passado, uma simples página virada.

Outro ponto negativo de manter-se um Papai Noel ativo é o alto custo de manutenção das renas, os “motores” de seu trenó. Além do excesso de alimentos a elas fornecido, estas necessitam de cuidados especiais, como veterinários e cosméticos dos mais variados – afinal de contas, as renas devem estar “tinindo”, não? Não bastassem as renas, os anões, famosos ajudantes do barba branca, levam do governo altas cifras de dinheiro em salários, vales, e outras regalias conhecidas por servidores públicos.

Papai Noel já teve, e ainda tem, seu valor tanto cultural como na formação de crianças e adolescentes de todas as partes do globo - com exceção da Ásia, onde este não é tão popular assim. Porém, é tempo de criarmos um Papai Noel próprio de nossa terra, sem roupas pesadas e vermelhas, mas sim de bermudas e chinelos, levando em conta as condições climáticas e culturais de nosso país. Portanto, no próximo natal, digamos não ao Papai Noel desigual, ao Papai Noel corrupto, ao Papai Noel narcisista, ao Papai Noel ilusório, e criemos um natal só nosso, digno de brasileiros, como somos, excluindo-se as desigualdades e injustiças. Um natal de solidariedade, de amor, de esperança. Um natal sem exclusões, onde criança que não come ganha, sim, um presente de natal.