AMOR: Verbo Intransitivo.

- Desate as amarras do amor. – Ela disse.

- Indignado, objetei: “O amor não deve amarrar, deve libertar. ”

- Conte “pra” ela então.

- “Aí” reside o problema, que Fernando Pessoa, em um tempo pretérito enunciara.

- Qual?

- “O amor, quando se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente. Não sabe o que há de dizer. Fala: parece que mente... cala: parece esquecer... ”

- Você gosta de complicar as coisa, não?

- Eu não complico, trago a solução.

- Ah, então diga.

- “O amor não se é algo a se dizer, é algo a se fazer, demonstrar, exteriorizar. ” – Redargui.

- Você “tá” muito filósofo hoje.

- Não, querida. Filósofos pensam, eu sinto.

- Poeta.

- Não, não. Fernando pessoa também diz: - “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. ” – E eu gozo sentimento que exprimo. E servindo-me do ensejo: Eu não sou poeta, filósofo, nada desses epítetos que me foram conferidos. Sou só alguém que vivo, experimento a estas ocasiões radicalmente virginais da vida.

- Não entendi.

- Eu sinto muito.

- Como assim?

- Não é um pedido de desculpas.

Matheus Hipólito
Enviado por Matheus Hipólito em 08/04/2017
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