POR OUTRO CAMINHO
Eu decidi largar a bagagem pesada de uma jornada muito longa, mas que a muito já perdeu o sentido. Entrei na crise dos quarenta (vinte anos antes). Não vou mais ficar andando na estrada da vida mundana. Sai da rota, agora vou fazer meu próprio caminho. É hora de desbravar!
Acordei assustado, dois mortos vieram me visitar a noite. Sonhei também comigo, haviam quatro pessoas naquele quarto, duas estavam mortas e duas ainda estavam de pé. Devaneio pensando se por acaso este não teria sido um aviso; será que os quatro estariam mortos? Sai apressado a averiguar se ainda há vida em mim. Olhei o céu, as nuvens, tentava imaginar formas naqueles algodões voadores; passou-se alguns minutos até que consegui, enfim, ver a beleza no céu e, apesar de verificar que ainda há vida em mim, fiquei alardeado com o fato desta vida ter demorado tanto para aflorar. Estou de saída desta vida rotineira que nos mata aos poucos, quero pelo menos viver antes de morrer e se morrer que seja rápido!
Cansei de ficar para depois, cansei de ser escravo das regras ridículas que há entre nossa sociedade, há regras pra tudo nesta passagem mundana. Já fiquei tempo demais entre estes simples mortais, é hora de coexistir e não se anular mais. Larguei a escuridão e voltei atrás, abandonei o lado negro da força. Estou indo embora. E para você meu grande amor, já não tenho nada a ofertar-lhe, entenda que nossas asas são de uso pessoal e intransferível; eu largaria todos os meus sonhos por você, mas você não fez amor comigo com medo de chegar atrasada ao trabalho, logo, entendi que aqui já não é o meu lugar. Eu te amo, mas de que serve o amor se não tivermos mais a liberdade para cumprir seus caprichos?!
Família? Bom para isso me amparo na sabedoria divida, afinal se teu pai e tua mãe te faltarem o Senhor te acolherá e todos somos irmão entre si. Mas não nego que sentirei saudades, saudades das canções de ninar, do colo, das batalhas com espadas, de jogar bola na sala, de ficar de castigo, mas em verdade estas coisas eu já não tenho a anos e não consigo mais esperar que elas se repitam.
Antes que eu esqueça de citar, digo que larguei a minha profissão. Na verdade eu troquei de profissão, larguei a esmola fixa de meu salário para ser escritor e cozinheiro. Escreverei sobre tudo e todos só para vingar o mundo dos fofoqueiros, só de raiva vou falar da beleza dele. Vou cozinhar para todos àqueles que não tiverem medo de experimentar novos sabores despreocupados com a balança, vou entupir as pessoas de vida sabor chocolate.
Apesar das metáforas eu realmente estou indo por outro caminho e, se você quiser vir também é só me dar a mão, não que eu saiba para onde vou, mas prometo nunca mais te deixar sozinho na estrada.
Acabo de receber das mãos, da mente e do coração de um amigo a letra da música que será a trilha nesta jornada. Enzo Lopes Mussulini, futuro advogado (principalmente de si mesmo), mas antes um poeta das selvas de pedra. Valeu Enzo; é bem por aí que eu vou...
Hoje acordei pensando em você
Lembrando daquele teu jeito de viver
Na beira da praia, no Rosa
O mar, o anoitecer e você
Tudo era tão lindo
Como os traços do teu rosto
Ainda sinto o teu gosto, o teu cheiro
Sinto falta do paraíso!
Agora longe de você
Em uma terra distante
Do outro lado do país
Sinto que estou infeliz
E quero te dizer
Garota, estou voltando pra você
E quero dizer
Garota, estou voltando pra você
Foi do teu lado
Que eu aprendi a viver
Tu me ensinou a sonhar
A lutar e a te amar
E é por isso garota
Que eu estou voltando pra você
Pra praia, pro Rosa
É no paraíso que eu quero viver!