Uma certa fantasia.
 
O travesti, conhecido pelo nome de Roberta, acabou de chegar, praticamente do mesmo jeito atrevido, sensual e enigmático. Ele tem cabelos naturais, lisos e longos. Percebo que a sua chegada causa impacto, sempre causa. Alguns olhares se desviam e outros disfarçam como se tudo fosse natural.

Hoje ele está em cima de sandálias à la Cármen Miranda. O esmalte cintilante faz suas unhas brilharem de longe. Seus cabelos sedosos caem lindamente pelos ombros. Ele é sempre assim.

Aproximou-se do balcão, perguntou sobre os salgados do dia, seus recheios e preços. Pediu um rissole e um refrigerante. E todo o mundo, disfarçadamente, olhava para sua figura. Esse todo mundo incluía machões, simples éteros, mulheres comuns ou até pessoas alheias a tudo.

De repente, ele desfilou no corredor interno como se ele fosse uma importante passarela, e encontrou um banquinho vago. Fez aquela pergunta clássica:- Tem alguém aqui? Sentou-se, arrumando sua saia de jeans marcado por suas nádegas levemente turbinadas. Creio que todos, ao olharem para ele, pensavam em alguma fantasia nunca realizada, mas até imaginada para um futuro próximo, talvez.

O garçom o serviu, ele comeu seu salgado, tomou seu refrigerante e já estava para sair. Levantou-se, ajeitou a saia, olhou na direção de minha mesa "indiscreta", deu um sorriso para mim, e foi quando constatei que seus olhos eram lindos e
azuis.


Seguiu até a porta, e a marca de sua poderosa figura ficou na memória de todos.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 09/04/2017
Reeditado em 09/04/2017
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