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Oh Liberdade, onde andas que te desconheço?

Liberdade abre as asas sobre nós deve ser coisa de Hino Nacional.

Eu vi, eu li e reli, num dos muros em letras garrafais:

“Revolução e alimentação vegetariana”.

Meus pensamentos tilintaram de desentendimento, ainda mais que naquela avenida havia uma criança emborcada na posição uterina, tanto era o frio que sentia, aparentando uns cinco anos de idade, toda esfarrapada num sono da noite em pleno meio-dia. A magreza da criança era tanta que falar em alimentos é pensar nos salafrários que nos rouba até nossos salários e acusam imposto de renda!

Naquela geografia, os pensamentos eram os tormentos que sentia e confundia: a jovem mulher cujo corpo oferecia; o óvulo na espreita de algum desavisado esperma, na oferta de carências e misérias, somava com aquele menino, fruto do pecado social de cada dia no jogo da mais-valia.

Uma miséria de esbofetear a cara dos bens alinhados, e dos salafrários do congresso nacional.

E talvez, dos bem alimentados. Dos que tinham para onde ir, e para onde chegar, mesmo atrasados...

Os contrastes não param por ai.

Ao lado na avenida: Liberdade, várias Universidades privadas. Privadas?

Sim, estas que se instalaram após a ditadura Militar, cresceram com a política Neoliberal e cobram centenas de reais para dar uma formação de que até Deus dúvida, se servirá para alguma coisa.

Enquanto a miséria de valores cresce numa inflação maior que os cobrados nas mensalidades das ditas escolas mercantis.

Não bastasse a precariedade dos cursos, ou decerto por isso mesmo, os estudantes se formam (se é que se formam) praticamente sem saber os principais conceitos da área e, pior, desprovidos de qualquer recurso bibliográfico aos quais possam recorrer em momentos de dúvida.

Numa das esquinas, no abre e fecha o farol Vermelho!

Carros param e os grupos, em uníssono, juntam-se aos carros, como pedintes mendigos.

Fiquei triste e, indignado, escrevi estas palavras para me entender e me desentendi; mesmo assim repasso para papel:

Seria a mesma coisa que estes jovens que passam nos vestibulares de algumas universidades; eles calouros, ficam nas avenidas, se achando e se auto afirmando com pinturas no corpo, se degradando para mostrar que entraram numa destas universidades que não formam nem informam.

Talvez que a formosura humana, em seus efeitos sobre os sentidos, não seja outra coisa senão a magia do sexo, o próprio sexo que se tenha tornado visível na cara pintada para alguém notar.

As emoções tendem a se confundir com a beleza, ou com alguma necessidade premente do ser.

A beleza é uma mágica. Daí a insipidez da beleza perfeita.