Desejos lícitos

Muitas meninas ainda hoje são criadas para casar (se possível, virgens), ter filhos e serem felizes para sempre.

Um sonho honesto, sem nada de errado, mas que provavelmente nunca terá sido possível. E com cada vez menos chances de ser.

Sem quaisquer preocupações feministas, trata-se de um sonho que durante certo tempo ajudou a manter a mulher na tradicional posição secundária em relação ao homem. Contribuindo para que ele fosse encarado como entidade mantenedora ou protetora. Cuja reversão o tempo foi se encarregando de determinar.

Casar talvez seja ainda uma necessidade, mas não tão imperiosa como já foi. Casar virgem por certo perdeu totalmente a condição de obrigatoriedade de outros tempos. Ao contrário, a moça que casa virgem hoje pode até ser mal vista, por força de preconceitos que se estabelecem com facilidade, o que é inteiramente injusto. Como o são todos os preconceitos. E ser feliz para sempre é coisa que, se é lícito almejar, sabemos que será impossível conseguirmos. Sem entrarmos no mérito da conturbação de ideias, desejos e da ordem do que aprendemos a considerar como vida moderna.

Contudo, a vida se faz, como já se fez, de uma forma ou de outra. Podendo ser cor-de-rosa ou marcada por nenhuma das cores do arco-íris. Tal como a poesia, que existe em tudo, desde a situação ideal ao ideal modificado, adulterado ou inteiramente contrário ao que já foi.

Acontece que, independente da nossa permissão, nada poderá perturbar os nossos desejos, que serão todos lícitos no plano geral das suas concepções.

Rio, 14/04/2017

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 14/04/2017
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