Amo apertar bochechas. Beijar bochechas. Morder bochechas. Principalmente se forem gordas e cheinhas como são as suas. Como sempre serão as suas, mesmo que eu nunca mais as veja.

Amo dizer que te amo. Amo dizer que és rabugenta e que estás ficando velha. Amo ouvir suas histórias, principalmente aquelas que já contaste inúmeras vezes. 

Amo sua bronca com as novelas, com o autor, com o final que você não gostou. Amo ver você "de mal" com os personagens.

Amo você não gostar do meu cachorro. Amo você se esforçar pra dizer que gosta do meu cachorro.

Amo você gostar de goiaba, de doce de manga, de comer o restinho da panela pra não sobrar.
Amo suas crenças, suas crendices, suas superstições, seus medos. Amo seu sorriso. Amo seu choro. Amo você.

Amo. Tempo presente. Indicativo de que vives.
Para mim você será sempre presente. Presente de Deus, presente de vida.

Dos portais do tempo és bálsamo aliviando os ecos da minha dor.



À minha mãe, com o Pai.

Suzana França
Segunda, às 7h



 
Suzana França
Enviado por Suzana França em 17/04/2017
Código do texto: T5972903
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.