MAGIA DAS GRANDES ÁGUAS
 

     Á tarde sombria se despede com nostalgia, as margens das águas sombreadas arrastam-se enlouquecida a brisa daquele dia, e aquece a terra fria com seu imenso calor.
É rompido o silêncio das matas, a garça dança alvoroçada, e desesperada canta o colibri e a flor que olha o beija-flor desmaia as suas folhas, e exala o perfume das rosas apaixonadas.
    As danças das ondas bravias açoitam as areias ensolaradas, e despejam a sua raiva no dorso de alguns navios.
    É dantesca a covardia, a terra e o mar gemiam ao tambor ás árvores, a fantasia em meio à dor Amazônia desaparecia.
    Aos poucos o pulmão da mata é interrompido, esvaindo lentamente o fôlego de vida, que sem pedir licença destrói a própria vida.
    O céu rasgou-se de decepção de um azul marinho acinzentado, entre nuvens flutuantes discutiam os dias mal iluminados.
    A beleza arranca o riso de tristeza, e ecoa entre as matas, escondendo a natureza que ao despir-se em melancolia gemeu em pranto, ocultando as nuvens.
    A escuridão da noite revela os olhos da própria mata, somente escuta-se o coração dos seres sobreviventes, que sem ter esperança é presa fácil de muita gente.
    O som ecoa e vai adentrando a madrugada é mortal. Agonizante, terrível e apavorante quando o corpo é engolido, paralisado por uma enguia, de frente para uma jiboia.
    É a força bruta da natureza, desprezada pelo homem, que sem perceber violentada e perseguida, visita a raça humana.
    Destrói tudo á sua frente que até o mar peleja e chora, e a magia das águas adormecidas, silencia no leito do rio o encontro da pororoca.
    Esse encontro é inevitável, que até a tarde alegra-se de novo ao ouvir o estrondo das águas, abraçada as ondas com maestria.
    O cenário é cinematográfico, a imensidão do mar não parece estar adormecida, e o passear dos tapetes de peixinhos, a bacia de corais e a perseguição dos golfinhos emoldura o quadro natural.
   O que é um rio comparado por essa imensidão, de cores e desamores, que destoa com a destruição da fauna e da flora, e o sol esconde a nova aurora raiando o novo dia.
    Assim, envergonhada nuvem despede do horizonte. O sol poente esconde-se ao cair da tarde, e a lua põem a cara para bater até a madrugada.
    Ás águas reflete o brilho caminhar, que o mar deita areia de alegria, suspira e baila a maré cheia, as ondas movem-se nos braços da melodia.
    O céu de um azul cintilante é invadido pelas estrelas e acompanhado pelas nuvens, descobre as cores do arco-íris rasgando o infinito.
    É o preço pelo progresso que recebe o troco, o retorno, o regresso com fúria catastrófica e arrasadora da natureza, a margem desgraçada do mau aviso, desparecem da face da terra seus entes queridos.
 
 
   
 
 
   
  
 
 
 
 
 
   

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 18/04/2017
Reeditado em 23/11/2021
Código do texto: T5974544
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