... E TOME REMÉDIOS!
Nesta altura da minha vida acabei por atingir aquela idade que o vulgo, com muita razão, chama de "a idade do com dor". À primeira vista parece que a expressão tem algo a ver com aquele garboso e altaneiro pássaro que emprestou seu nome a um determinado estilo de poesia. Que nada! Significa apenas que a cada dia que passa somos acometidos por uma dor diferente, ou por alguma mazela que, mesmo não sendo séria, incomoda um bocado.
Tenho problemas de disfunção da tireóide, o que me obriga a tomar diariamente uma determinada medicação para controlar os níveis dos hormônios T3, T4 e TSH. E isso pelo resto dos meus dias. A esse desiquilíbrio hormonal atribuo as minhas falhas de memória que estão aumentando de uma maneira alarmante.
O coração também já merece uma certa atenção: às vezes parece que falha uma batida, outras se apressa além da conta. Nada de grave foi constatado, a não ser uma alteração no sistema nervoso simpático que não funciona como devia. Resultado, um remédio a mais para equilibrar esse descompasso. Isso sem falar nas bursite, epicondilite, artrite, colite, rinite... e não sei quantos ites mais. Ninguém pode negar que eu seja uma mulher cheia de charme.
Ah! Bons tempos os da minha infância quando tudo se resolvia facilmente com o emprego dos remédios homeopáticos ou à base de ervas da Flora Medicinal. Parece que funcionava porque as idas ao médico eram poucas lá em casa, ou quem sabe o dinheiro é que era curto e apelava-se para a alternativa mais barata. Não sei. Também isso não me dizia respeito. Só sei que meus males, limitados a enjôos e espirros, eram rapidamente curados com Jurupitan e Allium Sativum.
Pois é, tempos bons aqueles em que tudo era mais simples: as doenças e os medicamentos. O que será aconteceu? Mudaram os tempos, ou mudei eu?
Set-1998