Diario de Bordo - Segundo ato #A Meretriz

Quando a garota acordou nitidamente sua expressão demonstrava um espanto, ela fixou seus olhos em direção ao meu, leu o ambiente numa rapidez e sem disfarce puxou o lençol da cama para junto de seu corpo, gritou: SOCORRO, Socorro, alguém me ajude....

Deixei ela esbravejar até cansar, aquela garota era uma manha e sol lindo, olhos verdes, tamanho ideal de seios, um corpo exuberante, seu aspecto físico era avassalador. Quando ela sossegou, na minha primeira oportunidade expliquei que eu a tinha salvo dos rapazes do bar, que a trouxe para minha casa, afim de ajuda-la, por sorte ela lembrou e ficou mais calma.

Naquele momento notei em seus olhos um desmoronar de moralidade e quando menos esperava ela agradeceu.

-Obrigado senhor, eu estava perdida, mas a culpa foi minha.

-Sua culpa? - Eu questionei - Como assim?

-Bem, não sou a melhor pessoa do mundo, e o melhor seria eu ir embora da sua residência o quanto antes, sou uma pessoa perigosa, e sei que não tenho controle sobre meus aspectos humanos.

-Bem, já que você é uma pessoa perigosa, o melhor seria você esta com uma pessoa que possa te ajudar, eu imagino que não tenha para onde ir, e se tiver, aqueles homens vão atrás de você, estou certo?

-Sim, mas...

-Mas nada, descanse, farei um café para você.

-Espere - Ela disse, segurando minha mão. - Obrigado, eu não mereço.

Quando voltei para o quatro trazendo uma xícara de café, o semblante da garota tinha mudado, fiquei meio surpreso.

- Vou te contar quem eu sou.- A garota disse, como se o que ela fosse falar mudaria minha opinião sobre ela.- Meu nome é Graziele, meu signo escorpião, como pode ver, sou uma garota bem atraente, eu sofro de transtorno de personalidade múltipla, essa doença é dissociativo de personalidade, eu tenho mais de uma personalidade, na verdade são dez identidades distintas. Cada uma delas com um nome, histórico e característica diferentes. Aqui quem fala com você é a Graziele, porem naquele bar quando me encontrou eu era a Diana. - Naquele momento eu não associei rapidamente onde ela queria chegar, que negocio de dez identidade é esse? Pensei comigo, voltei a da atenção a ela enquanto meus pensamentos acompanhava sua fala- Tudo começou na adolescência ela relatava, meu pai era um homem ruim, mas nem sempre ele foi, quando minha mãe faleceu, tudo na cabeça dele ficou bagunçada, e para piorar ele descontava a ausência da minha mãe no meu corpo, quando tinha exatamente doze anos, os abusos começaram, ele virou um alcoólatra possessivo, as noites, geralmente nas sexta-feiras ele subia ao meu quarto com passos largos, a primeira vez nunca esqueço, eu estava assistindo TV deitada na cama, de pijaminha, quando ele perguntou se podia ficar comigo, eu disse - Logico papai, por favor.- Ele colocou a mão nas minhas pernas e depois com naturalidade adentrou sua mão na minha calcinha, eu assustei e perguntei: O que é isso?- Ele apenas me olhou e com a outra mão tampou minha boca, enquanto ele me masturbava, era como se ele sentisse prazer naquilo, tão nojento, naquele ano eu me via como um lixo, caso algo dava de errado na sua vida eu era a sua válvula de escape. Na escola, alguns garotos mexiam comigo, me tornei estranha com hábitos estranhos, isso fez com que esses garotos não sentisse atração por mim. Um dia num baile de formatura do ensino médio, um garoto se aproximou, disse que gostava dos meus olhos, que eu era especial, eu desprotegida e carente cedi aos seus encantos, formos para uma das salas da escola, longe do auditoria onde o baile rolava, ele me beijou, eu nunca tive nenhum tipo de relação antes com ele, porem resolvi me entregar, foi ali que ele aproveitou, houve penetração, por um momento eu tive a sensação de está sendo amada, como fui tola, ele me deixou em casa e me passou seu telefone, liguei a noite inteira, só dava caixa postal, eu não queria acreditar, na manha seguinte, todos estavam olhando como se eu tivesse feito algo, aquele miserável combinou com seus amigos de tirar fotos minhas nuas, um dos amigos dele, estava naquela sala escura que transamos gravando tudo, eu tinha caído em um golpe depravados, e o telefone que ele me passou, nem era dele. Fui usada novamente, quando cheguei em casa, um ódio súbito percorria meu corpo, foi quando a Diana chegou. Minha primeira personalidade criada ainda adolescente, meu estilo de roupa mudou, uma das formas de superar aquele acontecimento na escola era de algum modo ser alguém diferente, aquele menina tímida, recatada e modesta deu lugar a uma garota sensual, forte, cheia de desejos e com um ar vingativo. A cor do meu cabelo de preto virou ruivo, mudei meu jeito de andar, no principio quem me via não acreditava na mulher que me tornei, eu não estava mais disposta a ser feita de otária, quem comandaria o jogo agora era eu. Diana continha costume depravados e usava drogas quase que o tempo todo. Diana era uma meretriz, não recordo com quantos homens ela já dormiu, e nem com quantos homens ela abusou.

Um dia a Diana ficou mais forte dentro de mim, numa noite de sexta-feira, já fazia algum tempo que meu pai não mexia mais comigo, naquela noite para o azar dele, era a Diana que estava no controle e não a Graziele, ele resolvei subir no meu quarto, estava bêbado, seria a ultima noite dele, quando ele me tocou, Diana pegou uma faca de cozinha que carregava em sua bolsa e atacou no pescoço do meu pai. Ele caiu sangrando, ela aplicou mais dois golpe, e viu ele morrendo aos poucos, arrumou a cama, deitou e adormeceu. No outro dia quando acordei, me desesperei, chamei a policia e disse que não sabia o que tinha acontecido, depois da investigação, ele descobriram que meu pai foi morto por minhas mãos, eu sabia que meu corpo tinha culpa, mas não tinha sido eu, foi a Diana. Fui levado ao juizado de menor, e depois de idas e vindas, descobriram que sofria de um distúrbio, fui absolvida, e me mandaram para um reformatório, o qual fui obrigada a ter sessões com uma terapeuta semanalmente, Diana não aparecia, ficou ausente na minha consciência, depois de um ano, eu não suportava mais aquele lugar, e aquela terapêutica tentando tirar informações era insuportável, vivia interditada, foi quando a segunda personalidade apareceu, nessa nova identidade eu me tornei uma garota inteligente, uma especie de anancástica, seus aspectos era ficar sempre atento a detalhes, a ordem e horários. Ela era excessiva as tarefas,e dava pouca importância ao lazer. Tudo para ela tinha que ser perfeito, não lembro a data do seu primeiro aparecimento, quando percebi, sua forma já tomava parte da minha mente. Aquele reformatório era um inferno astral, eu precisava sair daquele lugar, e para isso eu necessitava de um plano, e essa nova personalidade, a Erica, me ajudou. Ela começou a estudar a psicologa, sabia que ela poderia ser a chave para tirar a gente dali, quando Erica concluiu que a tal psicologa chamada Vanessa era lésbica, Erica começou a provocar Vanessa, nas primeiras tentativas nada acontecia, Vanessa sempre com uma postura profissional distanciava qualquer tipo de pergunta ou sugestões pessoais. Erica resolveu trazer de volta a Diana, já que ela não continha potencial suficiente para atrair a doutora, talvez a Diana pudesse ajudar, Erica despertou e convenceu Diana, e em uma sessão antes do natal, a doutora queria saber mais da minha vida, foi quando Erica assumiu o controle na sessão e perguntou: Doutora, você gostaria de conhecer a Diana? - Eu sabia que a doutora diria sim.

- Graziele, acredito que não é uma solução, você tem avançado em seu tratamento, e trazer ela de volta só poderá despertar traumas e pensamentos que estamos tentando fazer você esquecer.

- Tarde demais doutora. Olá?

- Diana? - A doutora perguntou.

- Uhum, isso mesmo gata. - Diana respondeu.

- Graziele eu disse que não queria que você acordasse a Diana. -

- Doutora não adianta, Graziele não está mais no controle.

Aquela sessão Diana respondeu a todas as perguntas da doutora e fez com que a doutora prometesse que não contaria a ninguém que ela estava de volta.

Alguns meses foram passando e cada vez mais a doutora e Diana estavam ligadas, em uma que seria uma das ultimas sessões, Diana provocou a Vanessa sensualizando e oferecendo prazeres, foi quando Diana a beijou, a doutora não podia conter, estavam conectadas, no consultório tiveram a primeira relação. O plano de Erica estava funcionando.

Quanto mais tempo passavam juntos, mas a Vanessa se sentia ligada a Vanessa, um dia a Diana pediu para ser adotada pela doutora, loucura a doutora disse. Diana continuou pedindo, até que Vanessa solicitou a guarda. Depois da papelada pela guarda e passar por vários processos, 0 juiz concedeu a guarda de Graziele para Vanessa.

Erica comemorou, estávamos fora daquele reformatório.

A relação de Diana e Vanessa era cada vez mais forte, Diana uma mete quando menos esperava Diana apaixonou-se pela doutora, enquanto Erica achava isso um absurdo, mas não podia parar, Diana era mais forte, mais decidida e tomou de conta de nós duas. Eu Graziele não podia fazer muita coisa, só queria está a salvo de todo mal e a doutora proporcionava uma vida estável, Diana só aparecia com mais frequência a noite, durante o dia eu podia ser eu, e isso era o suficiente já que a doutora trabalhava até as 18 horas e quando chegava a Diana já tinha assumido o controle, durante 3 anos eu vivia assim, quando a doutora percebia que eu Graziele estava no controle, me tratava como uma enteada, nunca fez mal comigo, ela estava muito envolvida com Diana e tinha medo de perder-la. Quando completei maior idade, tive que tomar uma decisão, parar com aquela loucura de uma hora eu ser Erica, outra Diana. Busquei força e fugi, deixei uma carta explicando a Vanessa e agradecendo tudo que ela tinha feito por nós três, eu, Erica e Diana. A doutora nunca teve chance de conhecer Erica, porem a Erica conhecia a doutora mais que qualquer uma de nós, e a usou para nos livrar daquela prisão, isso serei eternamente agradecida a Erica.

Com pouco dinheiro que eu economizei para construir uma vida, o que sobrou foi morar em um motel, tinha que recomeçar, queria ter uma vida normal, que pena, eu nunca deveria ter ido morar naquele motel...

Continua....

Davi Alves
Enviado por Davi Alves em 26/04/2017
Reeditado em 26/04/2017
Código do texto: T5981692
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