Au revoir

Tlic, tlic.

Ele deu petelecos no vaso.

Eu me senti quebrar.

- Tira as mãos daí, fazendo o favor!

Ele foi então para as cortinas.

Fechava, abria, girava de um lado para o outro.

Eu me senti rasgar.

- Será que você..

Ele entendeu antes que eu terminasse de falar e foi em direção à geladeira.

Abriu a porta e ficou pensando.

Eu me senti gelar.

Mas quem sabe assim ele tivesse alguma idéia melhor do que fazer.

Deixei que ele pensasse por mais uns 5 segundos, mas nada.

Ele continuava a olhar fixamente pro pote de margarina, bolando algum plano, programando o sábado, ou sei lá que diabos.

Me senti arrepiar.

- Fecha isso que a luz não é de graça.

- Você só sabe reclamar...

- Sou eu quem arca com os prejuízos aqui.

Ele sentou do meu lado, pegou a minha mão e me deu tchau, disse que me ligava mais tarde.

Me senti implorando pra que ele ficasse, mas não falei.

Bati a porta atrás dele, desliguei a televisão e afundei a cara no travesseiro.

Ele era uma ameaça constante aos meus pertences e a mim.

Me senti uma estúpida.

Fez um nó na garganta, que se desfez em água com com sal.

Dormi, ainda me sentindo uma estúpida, abraçando o celular.

Fernanda Galhardo
Enviado por Fernanda Galhardo em 08/08/2007
Reeditado em 08/08/2007
Código do texto: T598210