A beleza da vida

Era cedo, quando levantei da cama e com os olhos meio que fechados e a miopia sem ajudar, consegui enxergar, mesmo que embaraçada, uma luz. Coloquei os óculos e vi, com nitidez, o espelho. A luz era o reflexo do sol forte que iniciava aquela manhã. Me aproximei e me deparei com o meu melhor retrato. Descabelada e ainda de pijama, mas era eu, na minha melhor, mais feliz e intensa versão. Sem medo de deixar o sol bater na cara. Troquei de roupa, tomei café e fui em uma bodega perto da minha casa. Os pássaros cantarolavam. E em meio ao fluxo dos carros, uma senhora com uma cesta de flores vinha em minha direção na sua bicicleta. Curiosa, parei-a e perguntei pra onde ela iria com aquelas flores tão lindas e perfumadas. E ela olhou no fundo dos meus olhos e disse que fazia aquele mesmo percurso todos os dias, tentando achar alguém que se interessasse nas suas flores, só que as pessoas eram ocupadas demais, passavam rápido demais e ela ficava despercebida. E com emoção disse que eu fui a primeira pessoa a perguntar isso. Então ela me deu as flores, acenou e saiu. Essas agora fazem parte da decoração da minha casa, e sempre que as vejo, lembro da simplicidade da senhora e como é importante enxergar as coisas boas da vida nos pequenos detalhes.