Iguana

- Vovó, venha a ver um lagartão! – o grito excitado vinha da rua.

Larguei o que estava fazendo e corri cheia de curiosidade. Num galho da mangueira, em frente de casa, lá estava ele: principiei a encontrá-lo pela ponta do rabo que pendia no meio dos ramos como uma grossa raiz aérea. Que vasto rabo! Segui vagarosamente a minha pesquisa e dei com duas fortes pernas traseiras com suas patas curvas e enormes unhas. Um arrepio começou a subir pela minha espinha, se espalhou pelo meu toitiço e meus cabelos ficaram em pé. Até ali imperava o castanho no animal, mas, de repente seu corpo avantajado começou a esverdear e sua cabeça pontuda e as patas dianteiras tomavam a cor das folhas da mangueira. O bicho se mantinha estático com seus quase dois metros de comprimento e seus olhos inexpressivos como os de um jacaré encontraram os meus pasmados e aterrorizados olhos.

- Ele morde, é vovó? Perguntou o netinho meio amedrontado.

Tive vontade de gritar: morde sim! Este monstro medonho deve engolir gente. Deus nos livre!

Contive com dificuldade o pavor e respondi:

Não, este lagarto é um iguana, só come folhas e insetos. Mas vamos, querido, vamos para dentro ligar a TV? – e controladamente saí de mansinho, dei às vilas-diogo.

Christina Cabral
Enviado por Christina Cabral em 08/08/2007
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