LAMA NAS RUAS

Esta semana, um dos maiores sambistas brasileiros foi cantar um pouco mais além, Almir Guineto que, com Jorge Araguão e Luiz Carlos, compôs “Coisinha do Pai”, que dá nome a um dos blocos carnavalescos mais tradicionais da região da campanha do Estado do Rio Grande do Sul, em Hulha Negra. Embora esta música tenha tocado até em marte, Lama nas Ruas, parceria com Zeca Pagodinho, me parece uma daquelas cem canções que qualquer um deveria conhecer antes de morrer.

Deixa/Desaguar tempestade/Inundar a cidade/Porque arde um sol dentro de nós.

Queixas/Sabes bem que não temos/E seremos serenos/Sentiremos prazer no tom da nossa voz.

Veja o olhar de quem ama/Não reflete um drama, não/É a expressão mais sincera, sim/Vim pra provar que o amor, quando é puro/Desperta e alerta o mortal/Aí é que o bem vence o mal/Deixa a chuva cair, que o bom tempo há de vir.

Quando o amor decidir mudar o visual/Trazendo a paz no sol/Que importa se o tempo lá fora vai mal? Que importa.

Se há tanta lama nas ruas/E o céu é deserto e sem brilho de luar?/Se o clarão da luz/Do teu olhar vem me guiar/Conduz meus passos/Por onde quer que eu vá.

Na internet, cantada por Diogo Nogueira, o filho de João Nogueira, a mais eloquente evolução do samba, acompanhado pelo bandolim de Hamilton de Holanda que, nesta canção, chega ao patamar da genialidade, Lama nas Ruas mostra a dimensão deste cantor/compositor que também foi um os fundadores do grupo Fundo de Quintal.