O PERIGO DOS FOGOS JUNINOS !

O PERIGO DOS FOGOS !

Por: JOSÉ JOAQUIM SANTOS SILVA

Manejo de fogos de artifício exige prudência

Parece que foi ontem, bem que me lembro do São João de 1987, inclusive foi matéria do Ba-Tv e outros tele-jornais daqui da capita baianal. Na pequena cidade de Biritinga, a 200 km de Salvador, uma família comemora a festa mais popular do Nordeste. Nas mesas, comida farta. No terreiro, um trio de Forró que embala casais vestidos a caráter. No arrastar dos chinelos, a poeira ganha os céus. Agachado ao pé da fogueira, Kleber Santos, aos noves anos de idade, entrega-se à magia dos fogos de artifício. A brincadeira, no entanto, acaba em tragédia. Uma tragédia, aliás, anunciada antecipadamente pela tia do garotinho, que aludia para os riscos da diversão.

O estampido de uma bomba no rosto de Kleber resulta no internamento do garoto em um posto municipal de Biritinga. Com sérias lesões no rosto e também com queimaduras no braço direito, causadas pelos respingos de pólvora, o menino é levado a um hospital na cidade de Feira de Santana, distante 80 km de Biritinga. Após quatro dias de internação, um diagnóstico insatisfatório: Kleber perde a visão do olho esquerdo. No rosto, algumas marcas do acidente que, mesmo aos 29 anos, Kleber não esquece.

"O que era para ser um dia de festa, acabou em tristeza. Eu usei os fogos de forma displicente. Perdi, mais que a visão do olho esquerdo, o encantamento pelo espetáculo dos fogos no céu das cidades que comemoram o São João. Além da minha história, conheci casos de pessoas que perderam dedos, braços e até a vida soltando fogos de artifício", relata Kleber, com um tom de desabafo.

Em outras duas cidades baianas, os casos de pessoas que sofreram queimaduras são recorrentes no período junino. Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus estão na mira dos órgãos que querem inibir o manejo imprudente e desmedido de fogos de artifício. Esses municípios são conhecidos pela famosa guerra de espadas, que é marcada pelo espetáculo e pela escalada de acidentes.

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Fabrico

Na cidade de Santo Antônio de Jesus, um outro problema para os órgãos públicos: a produção clandestina de fogos de artifício. No ano de 1998, a explosão de uma fábrica irregular de fogos resultou na morte de 64 pessoas. Muitas eram crianças e mulheres, que trabalhavam sem o mínimo de segurança no fabrico dos artefatos. O acidente comoveu o Brasil. O caso foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Para evitar novas ocorrências desse tipo, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e representantes de Secretarias estaduais, Ministério Público estadual, Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Exército Brasileiro, polícias Federal, Civil, Militar e Rodoviária e ONGs selaram um acordo para combater a clandestinidade. Entre as estratégias, a acentuação da fiscalização nas rodovias. Além disso, conforme ressalta a Agecom (Assessoria Geral de Comunicação do Estado da Bahia), critérios mais rigorosos foram adotados pelo Exército na licença para abertura de fábricas de fogos e na expedição de notas fiscais para a aquisição de matérias-primas.

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Feira

Para quem deseja comprar fogos de procedência, a dica é a tradicional Feira de Fogos Juninos, que este ano funciona às margens da avenida Paralela, no sentido Aeroporto. São 17 barracas que vendem, entre outros fogos, rojões, chuvas de prata, cobrinhas, bombas, foguetinhos, traques de massa e vulcões. A feira estará aberta até o dia 2 de julho, das 7h à 0h. De acordo com a Associação dos Comerciantes de Fogos de Salvador, há no local um estacionamento com aproximadamente 1,5 mil vagas.

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Atendimento médico

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), as vítimas de acidentes com fogos de artifício devem ser levadas para as unidades médicas mais próximas. Os casos mais sérios, entretanto, devem ser encaminhados ao Centro de Tratamento do Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador. Segundo a Sesab, a unidade é considerada referência neste tipo de atendimento médico. Os telefones do HGE são os seguintes: (71) 3117-5999 / (71) 3117-5959.

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Dicas para o manejo de fogos de artifício

» Prenda o rojão em uma armação, em uma cerca ou em um muro, e não fique próximo na hora de acender.

» Não tente acender fogos que falharem.

» Dispare os fogos somente ao ar livre, um de cada vez, e veja se não há substâncias inflamáveis ou redes elétricas nas proximidades.

» Confira sempre o certificado de garantia dos fogos.

» Nunca associe bebida alcoólica ao uso de fogos.

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O que fazer após o acidente?

Lavar o local com água fria e corrente imediatamente, e, se possível, deixar alguns minutos na água para diminuir a temperatura local. Deve-se a seguir avaliar a lesão e tentar classificar a queimadura.

1º grau

Após lavar o local, colocar compressas frias para diminuir a dor e o edema. Aplicar pomadas ou cremes de corticóides leves 3 vezes ao dia por 3 a 5 dias. Observar se não aparecem bolhas posteriormente. Caso isso ocorra, passe a seguir as orientações da queimadura de segundo grau.

2º grau

A pós os cuidados iniciais, cobrir as bolhas com gaze e vaselina líquida estéril, mantendo curativos diários até a total cicatrização. Observar sinais de possível infecção local como piora da dor, eritema e edema persistente e presença de secreção amarelada ou pús. Em caso de lesão nos membros mantenha a região queimada mais elevada do que o resto do corpo, para diminuir o inchaço. Deve-se ingerir bastante líquido e, se houver muita dor, um analgésico. Algumas lesões necessitam acompanhamento médico posterior. Queimaduras no rosto, mãos e pés devem ser sempre consideradas sérias e receber imediata atenção médica. Se a queimadura atingir grande área corporal, procure um médico imediatamente.

3º grau

Os cuidados iniciais dependerão da gravidade do caso. Em lesões de pequeno porte proceder como nas lesões acima e imediatamente procurar auxílio médico. Se houver queimaduras com produtos químicos, plásticos ou algo que esteja aderido a pele e não saia com facilidade, não tente remover, apenas lave abundantemente com água fria e cubra com pano limpo molhado, encaminhando o doente ao pronto socorro mais próximo. Tente remover anéis, cintos, sapatos e roupas antes que o corpo inche.

» Nunca aplique nenhum produto caseiro como: sal, açúcar, pó de café, pasta da dente, pomadas, ovo, manteiga, óleo de cozinha ou qualquer outro ingrediente, pois eles podem complicar a queimadura e dificultar um diagnóstico mais preciso.

» Não aplique gelo diretamente sobre o local pois isso pode piorar a queimadura.

» Evite também pomadas ou remédios naturais, assim como qualquer medicação que não for prescrita por médicos.

» Em caso de ingestão de produtos caústicos ou queimaduras em boca e olhos, lavar o local com bastante água corrente e procurar o pronto-socorro.

» Não toque a área afetada.

» Não tente retirar pedaços de roupa grudados na pele. Se necessário, recorte em volta da roupa que está aderida a pele queimada.

» Não cubra a queimadura com algodão.

POSTADO POR JOSÉ JOAQUIM SANTOS SILVA

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José Joaquim Santos Silva
Enviado por José Joaquim Santos Silva em 08/05/2017
Reeditado em 09/05/2017
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