Precisava ser eu

Ontem eu tinha 13 anos, uma auto-estima da qual hoje sinto falta e mais sonhos do que seria possível contar. Já naquela época eu não tinha objetivos comuns e fáceis de alcançar. Eu tinha opiniões formadas e, admito, uma mente pequena, cabeça fechada. Mas já era bastante 8 ou 80. Ontem eu tinha 15 anos, fiz coisas que com 13 julgava e certamente apontaria o dedo a minha versão mais velha. Descobri que precisava ter a mente mais aberta mas, ao invés de me libertar, me escondi dentro de mim e mostrei ao mundo aquela que ele queria ver, uma versão que se encaixava e se fazia pertencer.

Ontem eu tinha 17 anos, objetivos alcançáveis em mente e um plano bem traçado. Corri atrás e não dei ouvidos aos que disseram que seria difícil, porque eu sempre soube que, quando quero de verdade, me esforço e consigo. Tudo iria correr bem. Tudo iria dar certo e seria só seguir a maré. Hoje eu tenho 18 anos. Sim, eu segui o plano. Atingi meu objetivo principal em menos tempo do que imaginava. Estava orgulhosa de mim e dando orgulho aos demais também. E achava que seria só seguir a diante à partir dali.

Estava seguindo o caminho que todos, inclusive eu, imaginavam que eu seguiria. Estava fazendo tudo certo, seguindo o roteiro. Porém, com 18 anos, eu descobri que esse roteiro não mais me servia. Que eu não queria ser o que esperavam de mim. Eu queria ser o que eu quisesse. Queria ser eu. E não estava sendo. Não estava seguindo o meu caminho. Com 18 anos, eu decidi rasgar o roteiro e escrever tudo de novo, em novas páginas. Porque é disso que eu gosto, é nisso que eu sou boa. Em escrever. Reescrever. Não permaneci onde não estava feliz.

Essa semana faço 19. Estou me encontrando, ao mesmo tempo em que estou perdida. Sei onde quero chegar. Só não tenho o roteiro. Por enquanto. Só não tracei o plano. Ainda. Tenho essa única certeza do destino final e, quanto ao resto: não sei.

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