Um dia de arrpender, cogitar o que penso existência, refletir um terço do dilema que é poesia mesmo. Este furta-me-dá que parece elogio, mas assalta o pouco de sabedoria. O mundo que me rodeia fazendo -me pensar, sentada defronte as maravilhas do fogareiro que esquenta o meu chá das dez. Pronta estou em polir as idéias e falar o muito que deve virar um poema à meia-noite ingrata. E onde dormir depois da insônia conviver com este sempre aprender?
    Escrevo as tão traçadas boas linhas de escrita. Ausentada da realidade suja dos homens, das coisas de lá fora, esta modernidade consumista, de falsos valores que desfazem poesias lindas. Não vivo de falsas necessidades, mas logo me vêm as dores dos outros, cabisbaixa enfim, e fico é nervosa. De tanto ao erguer o pensamento acabo esquecendo essas feridinhas do dia-a-dia, embalada por musas inquietas. E quem poeta seja há de admitir essas coisas?

    Neste exalar momentos de dizer o tudo, não há coisas a serem quase ditas normais. E eu me encontro na sala aquecida, diante do papel almaço calado - logo tingido de minha tinta emudecida; e pensando alto a poesia desta minha paixão aventureira como história pessoal.  Encontro-me enfeitiçada por idéias que voluteiam assim, nubladas, de queixo apoiado em mãos crispadas, solente como uma estátua rude. O cimento que calça as avenidas tristes tem delas na sua praça. Já sou de concreto em algum lugar da alma.

    Parte de mim complica o todo a ser escrito. E as musas delirantes, para o meu contentamento, deixam fluir consentimentos. A vida mesmo tem muitas complexidades que nem são minhas, mas alguém entende tudo e dá conta de ouvir as minhas queixas. Mais um pouco e estarei sendo anjo no instante de escrever mais um poema a ser imitado um dia...e quem mais plagiará meus sonhos se todos o fazem a cada vez que escrevo? Já não ligo demais  pra isso...
    Meus dias na secretária de meu quarto, na mesinha disposta, com as flores ordinárias no vaso, tanto de tinta a escorrer recente, fico a gemer os dedos na escrita ( talvez acreditanto que serei entendida um dia... ) e nos diários. E no computador, um décimo de ladainha textual ( ai, quisera fossem... ) deixada no site, a nunca serem mais que lidas por plagiadires costumeiros. Tudo isso a fazer pensar muito sobre todas essas coisas e muito mais, como sempre deve de ser, me questionando se faço bem continuar. O meu desejo, este meu departamento, meu solilóquio...como não?

    O telefone no criado-mudo feio me encara à espera de uma voz que nunca ouço desde menina, a qual me libertaria dos tropeços de cada semana. E este cosmos da realidade a me deixar louca por tanta necessidades, tantos amores, tandos vazios e tantos apetites velados! Afe, como aguento esperar! Espero, logo existo ou desisto...que seja!
     Quem me entenderia neste mundinho aí fora, de conflitos infames?
     Aliás, quem faria uma ligação pra mim pra dize tão pouco ou me conquistar:
     -"Olha, te reconheço nas palavras, neste sofrer, mas te amo além da conta, e você merece algo de mim! Vai me querer encarar assim  como um qualquer que está acima de qualquer suspeita?"
     Quem dera...

                         
                               
                 "Sorrindo e cheio de amôr...mas só com mulheres...ai!
                  mas é agridoce suportar dois lados em luta... alegre-se!"
                                                                                       Jú - 2017   
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 07/06/2017
Reeditado em 07/06/2017
Código do texto: T6021052
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