Fim

O fim, coitado, é injustiçado, ignorado e, por muitas vezes, acusado de crimes que não cometeu. O fim leva uma culpa que não é dele. Um clichê verdadeiro: O tempo só anda para frente e não percebemos isso. Ocupados com o futuro, esquecemo-nos de apreciar a paisagem. O fim chega, chega no tempo certo e nos pega desprevenidos, com um armário cheio de planos e palavras que foram adiadas, pois ouvimos a voz da nossa vaidade nos dizendo eternidades. O fim é gentil e muito educado, mas nós o odiamos sempre.

O fim não avisa quando vem visitar, mas sempre traz um presente. Há um bonito embrulho em cima da mesa, um delicado presente chamado recomeço. Não demore muito para abri-lo. É só quando paramos de contemplar as ruínas que as boas lembranças nascem e, então, ganhamos a permissão para chorar uma saudade recém-nascida.

Recomeçar é ter um renovo da vida. Hoje olhando esse recomeço nos olhos eu me sinto mais jovem e o espelho balança a cabeça com todo entusiasmo.

O que resta depois do fim?

Não resta nada.

Não falta nada.

Eu vivo

Cada vez mais inteira.

Jéssica Albernaz
Enviado por Jéssica Albernaz em 13/06/2017
Reeditado em 30/04/2018
Código do texto: T6026831
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