Mais de mim

A vida me mostrou que não é tão ruim assim ter pedras no caminho, e que se você for capaz de removê-las e continuar andando, pode tornar-se uma pessoa mais sólida no futuro, mais forte. Como uma pedra, de todas aquelas que o fizeram sentir medo, insegurança, falta de esperança e incapacidade. É claro, que tornar-se pedra, não é uma tarefa muito fácil, tão pouco é agradável. É sofrível e doloroso o processo, mas, acredito, ser necessário. Não sei como é a vida de uma pessoa que não as encontra pelo caminho, talvez, pode até ser que seja, ao contrário do que penso, uma experiência plena tanto quanto a de quem as encontra. O que posso afirmar, com certeza, é que as pedras que encontrei no meu caminho, permitiram-me conhecer mais de mim, e se hoje sou quem sou, estável, maduro, e forte, devo sim e muito a elas.

Parece ser pretencioso demais dizer “estável, maduro e forte”, porém, é exatamente como me sinto agora, estável, maduro e forte. Removi todas as pedras que encontrei e as recolhi também. As recolhi porque acho importante e significativa a história que cada uma contém. Não que eu queira viver ou reviver o passado, mas, porque quero olhar pra elas e ver o quão contribuíram para minha solidez, para minha sobriedade, e confesso que particularmente sempre gostei de pedras. Sei que muitas outras aparecerão no caminho, estou pronto para elas, não as desejo, mas, estou pronto.

O processo de torna-se pedra, talvez possa achar que seja tornar-se frio, sem sentimentos ou coisa do tipo. Não. Não é nada disso. Não tem nada a ver com criar uma crosta ao seu redor, blindar suas fragilidades, ou resistir até as últimas consequências e negar a si mesmo o desejo de viver. Pelo contrário, é simplesmente sobre saber quem você é, e a força que tem, sobre ser paciente e confiante. É entrega. E quando você se entrega, o encontro consigo mesmo torna-se inevitável, então, tudo muda, e o extraordinário direito de ser feliz finalmente acontece.