Além dos pátios da escola

Tinha um lugar, na infância, onde a gente brincava sempre e dá pra se lembrar bem, que num daqueles feriados que caem no meio da semana, enquanto corríamos pelos estreitos corredores da escola vazia. dávamos de ombros uns nos outros pra poder ganhar a corrida.

Tudo isso era pra chegarmos antes no parque abandonado, que ficava um pouco além dos limites do pátio e onde tinha um campinho de areia em que a gente jogava queimada.

Quem chegasse por último, ficava de fora esperando a vez, já que nesse dia, a gente era em número ímpar.

O guarda que vigiava a escola não apoiava muito a ideia da gente pular os muros. Não por ele, que até fazia vista grossa, acho que entendendo que só podíamos chegar lá por esse trajeto, a não ser que fizéssemos do modo convencional.

Só que indo pela antiga estrada de terra da fazenda, além de não ter nada divertido no caminho, como pular muros, correr e competir, demorava muito mais pra se chegar e "Seu guarda", como a gente o chamava, era gente boa e entendia as crianças.

Mas, voltando àquele dia, a lembrança mais marcante é a de, no meio do pique antes de chegar no campinho, enquanto toda correria nossa era pra não ficar com o pique e não ter que correr atrás de ninguém, eu tive a estranha sensação de que o mais divertido da brincadeira, era exatamente fazer aquilo da qual a gente tava fugindo.

Nesse instante, cessa a correria e assim, meu feriado inteiro é pura diversão com as outras crianças, mas somente assistindo-os e curtindo a sensação de pensar que o melhor da vida, seria somente nos divertirmos pra sempre daquele jeito