AINDA PERMANECEMOS HUMANOS?

Estarrecido! É assim que me sinto com o nível alcançado pela violência no mundo, especialmente no Brasil.

Não bastassem os fatos que povoam os noticiários de todo dia, sobre guerras, atentados terroristas, atos tresloucados de pessoas anônimas, que chacinam inocentes sem qualquer razão, mortes de pessoas que se aventuram mar adentro em busca de refúgio em outras terras..., vemos, pelas últimas estatísticas sobre violência no Brasil, um aumento considerável e progressivo de assassinatos.

O “Atlas da Violência 2017”, produzido pelo IPEA, analisa com percuciência diversos aspectos da violência no Brasil, mostrando, já no introito, que “a nossa tragédia diária nos últimos anos atingiu contornos inimagináveis: apenas em três semanas são assassinadas no Brasil mais pessoas do que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017, que envolveram 498 atentados, resultando em 3.314 vítimas fatais”.

Da mesma fonte se obtém a informação de que no ano de 2015 ocorreram 59.080 homicídios no Brasil, o que equivale a mais de 160 assassinatos por dia, ou cerca de 7 por hora.

Isso explica porque somos considerados o país onde mais se comete assassinatos. Segundo dados de 2012 informados pela OMS, de cada 100 assassinatos ocorridos no mundo, 13 foram aqui na nossa terrinha. De modo que, considerados os números absolutos, ninguém nos bate. Triste troféu!

Mas esses números, embora me causem medo e preocupação, não chegam a produzir a tristeza que me invade a alma, quando noto que no cotidiano da morte violenta no nosso pa-tro-pi abençoado por Deus (será que ainda o é?), a maioria tem causa fútil ou razão nenhuma e muitas são praticadas com requintes de crueldade (vale relembrar as chacinas nos presídios de Manaus, Boa Vista e Natal, ocorridas no início deste ano).

Mata-se por matar, pura e simplesmente; a vida perdeu importância; parece que retrocedemos séculos e séculos em relação aos valores civilizatórios.

Tudo isso nos embrutece o coração. Ficamos indiferentes quando vemos um defunto na rua, nem nos damos ao trabalho de saber de quem se trata; não fazemos qualquer oração pelo morto, ainda que intimamente. Nada, absolutamente nada sentimos!

Quando eu era criança, se alguém morria na rua, sempre uma alma caridosa acendia quatro velas em derredor do corpo. Hoje, ou vela está muito cara, ou nos falta compaixão.

Diante de tal quadro, constato que estamos perdendo a capacidade sermos benevolentes, clementes, compassivos...; que em nós não mais reconhecemos os atributos da natureza humana; e me pergunto sobre o que se passa conosco: será que estamos perdendo a humanidade?

Com a palavra os sociólogos, psicólogos e outros doutos “...ólogos”, que possam explicar tamanha transformação, a meu ver involutiva.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 21/06/2017
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