Pareciam aqueles risquinhos feitos por criança em folha de papel, quando a ideia é representar uma chuva fininha, delicada, sutil. Naqueles silêncios que respeitam o tempo, o espaço, o lugar, o momento, a maturação de uma forma de expressão. Uma presença tão delicada que nos permite ver o além do que se mostra. E o além é um azul. Literal. Poucas nuvens, também literais. Um sol (amarelo), e os riscos fininhos, caindo dele (do Sol).
Risquinhos molhados. Tão molhados que poderiam ser realmente chuva, se fossem literais.

Uma voz ao lado me disse: são em momentos assim que o arco-íris aparece. Eu sei – pensei.

Mas eu não vi arco-íris. Ao menos naquele momento. A beleza da “cortina” que se formava com aqueles risquinhos molhados me davam uma sensação de envoltório, uma capa protetora, que fazia perceber-me no “dentro”, protegida num Universo Maior, que me separava – naquele instante – num recorte espacial, do que acontecia do lado de fora do lugar onde eu me encontrava.

Talvez para que eu prestasse atenção somente àquilo que nem eu sabia exatamente o que era. Ou viria a ser. Mas que deveria prestar atenção. E com essa sensação, continuei o dia.

E continuo.

Atenção.

Aos sinais que a VIDA nos dá o tempo todo. Como aquele sinal no trânsito. Amarelo. Que vem antes do vermelho (indicando que pode haver perigo de um lado). Mas que também vem depois do mesmo vermelho. Indicando agora que o perigo passou. E você pode seguir seu caminho, sem sustos. Ou medos. Por todo aquele verde que se abre à sua frente.

Os sinais da vida por diversas vezes, aparecem-nos. Reitero. Mas a gente não presta atenção. E quando presta atenção, não sabe decodificar. Ou ainda, quando achamos que decodificamos, ficamos na dúvida se esses sinais, assim como o do trânsito, estão nos alertando para o vermelho que nos aprisionará, ou para o verde que se abrirá.

E assim, ficamos estacionados. Naquela imensidão de amarelo, que parece nunca terminar...

Mas... Ficar estacionado em algumas pausas existenciais, nem sempre é ruim. E nem sempre sinal de covardia. Pelo contrário. É o seu sinal aos SINAIS do Universo, de que você está tentando entender, respeitosamente, silenciosamente.

Até que o próprio Universo sinalize: agora você pode seguir. Firmemente, com a certeza de que é este verde (azul, roxo, lilás... ou todas as cores do arco-íris) que se abriu para sua VIDA.

Portanto, o momento, neste momento, talvez seja o do amarelo-alerta. Eu sei...

Mas haverá o depois.

Assim sendo, apenas esperemos.

É isso.

(Adriana Luz - junho 2017) 

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