Mensagens que edificam - 298

Se meia dúzias de palavras dessem conta, eu nem contaria o tanto que já escrevi tentando me explicar e traduzir a vida num texto. Todavia eu bem sei que nem meia, nem as dúzias todas seriam capazes de me fazer o tradutor da real interpretação do que seja o espetáculo chamado vida. Do flerte ao namoro, do primeiro beijo ao juramento de amor eterno, e assim se formam os casais, mesmo sabendo que nem todo sempre é eterno, mas convicto de que enquanto dura custa um preço cujo montante pode ser impagável.

E nesse momento se descobre que o maior arrependimento poderá ser o de não ter tentado, de não ter amado, pois na entrega sem reservas está a maior riqueza que dinheiro não compra, nem luxo algum supera com a sua pompa. A reciprocidade de um casal pode ser imortal, ainda que não seja perpetuada, nem assim terá sido ilegal. Legal mesmo é não medir o tempo, nem se importar se há chuva, mormaço, vento, tudo será bom tempo, tempo que a história depois irá contar. Você tem saudades de algo que já te aconteceu? Querias que fosse eterno, mas não deu? Não tenhas isto por infortúnio, pois mais incômodo seria se não tivesses saudades para sentir, nem alguém para se lembrar.

A vida é mesmo assim...

Se meia dúzias de palavras dessem conta, eu nem contaria o tanto que já escrevi tentando me explicar e traduzir a vida num texto. No mais, qualquer coisa será mero pretexto para que eu não me dê ao direito de dizer: "eu não sofro de amnésia." Cada dia, de facto será um novo dia, mas nalguma página da minha trajetória lá estará um capítulo que não pode ser excluído. Se isto para alguém é inconveniente, devo lembrar que somos feitos de pretérito, presente e se nos for permitido, futuro. Mesmo que seja duro, bom ou ruim, estamos fadados a sofrer flashes de algo que já se foi. O importante contudo é a certeza de que no ciclo da existência não existe muro, e se existisse este não me impediria de espreitar o que já não mais me pertence, afinal para que servem os álbuns de fotografias e os livros de história? Decerto não são e nunca serão objetos de decoração. Por isso mesmo, salve a liberdade de saber que sou realidade, produto do que fiz e ensaio do que serei. Qual é o seu papel na própria cena?

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 29/06/2017
Código do texto: T6041237
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