rascunhando a esperança

O peso da noite era amargo caminhava naquela escuridão arrufando e sem nenhum vagalume a contemplar, no silêncio estrondoso acinzentava e o atormentava.

Olhava para o horizonte e nada enxergava além de si mesmo.

As nuvens tenebrosas voavam umas por cima, outras por baixo, soltando estrondos e faiscavam relâmpagos atemorizantes. Parecia o inferno de Dante.

Não se via e nem se ouvia nenhuma presença de nenhum ser animal nem mesmo irracional. Estava se sentindo fora do paraíso e nenhuma alma para ao menos acalentá-lo.

O desespero era tamanho que não sabia nada além do nada, sentia se mais perdido que barata tonta! A lua desaparecera, nem sonhava; crescente, nova, cheia, ou minguante.

As brumas embrulhavam as estrelas aprisionadas, nem apareciam para iluminar os caminhos turvos, tenebrosos e indescritíveis.

Ao redor algumas árvores se curvavam, balançavam e gemia de agonia com a ventania, parecendo querer escapar para algum lugar.

Uma plácida tristeza fazia cócegas, desapareciam todos os desejos, não havia em que pensar, dava vontade de fechar os olhos. O vazio dolente não prometia nada.

A esperança estava eclipsada e em estado de coma naquele pesadelo.

Viera aos pensamentos todos os momentos renegados e contaminados de coisas que fizera e das que deixara de fazer, como se o mundo e a vida estivesse por um triz. Um triz!

As lembranças de todos os afazeres sem mais nenhuma importância, sentia que nada vale a pena, e o sermão da montanha era seu paradigma para ao menos equilibrar a alma tremendo junto ao corpo e os seus amigos, amigas, os parentes os distantes e os mais próximos, até os inimigos chegaram para o seu perdão!

O ser pensante precisa alimentar-se de humanidade e descartar o ódio que nos ronda e nos rodeia. Amor e ódio não fazem parte da mesma sinfonia!

Estava diante das trevas que abatia seus sentimentos em desesperanças.

Já não sabia se era noite ou se era dia! As horas passaram, as horas marcaram aquela longa noite que parecia não ter fim, mas como tudo passa e tudo passará, e também aquela noite já se ia, e a madrugada foi chegando, foi tudo se acalmando, o silêncio foi se assentando, e assim conseguira finalmente dormir. Ah!

No outro dia logo pela manhã, ainda assustado, levantara, abriu a janela e a aurora radiante estava anunciando e clareando um novo dia. Acotovelou-se na janela e ficara a contemplar com seus olhos e o seu inspirar e respirar, no sentir-se irmanado naquele novo dia. Ficará então a observar o que até então não era observado na contemplação, bem ali diante dos seus olhos um lindo campo, e nunca havia parado para ver com os olhos do coração aquela mata verde esverdeando a esperança combinando com o azul do céu formando uma linda paisagem poética com os anjos e os arcanjos numa só oração.

O reflexo solar abrandara as suas tonalidades e as vozes ressurgiam dos animais em um só coro em um concerto primaveril, os pássaros anunciavam a sua chegada, os papagaios em alvoroço proclamavam em uma só língua todos os falares florestais.

Um sol irradiante sorria, o céu azul encantava de alegria, a tranquilidade do orvalho e a serenidade da brisa matinal.

Olhando para o longe além eu já sabia que ali não ficava um espaço vazio ao olhar o horizonte.

Ficara paralisado observando ali diante da janela uma plantinha que sorria numa linda contemplação ao divino e maravilhoso porvir.

E eis que desponta não mais que de repente ao longe, justamente quem faltava para completar toda a linda poesia desta frondosa paisagem, ela a sua amiga ao longe já a sente radiante, conseguia ver no sorriso do seu olhar, a alegria aumentou de intensidade, pois pensava que não iria mais a encontrar. Ela vem chegando naquele corpo balançando, nos passos dados ao seu caminhar parece até tudo combinando; o dia, o céu, o ar, o pomar, na mais alta significância até as cores combinando com seu vestido, já invento frases para com ela poder trocar sobre coisas que ficaram muito tempo sem dizer.