Primeira vez na casa do Rodrigo

Em um fim de semana como tantos outros o Rodrigo chega na minha casa e diz que a mãe dele falou que o pai disse a ela que ele ficou chateado porque no aniversário dele, o filho não ficou lá para comemorar junto.

Após uma leve tontura diante da explicação complexa continuei a dar atenção ao que ele me contava.

O motivo? Uma certa menina que ELE via toda semana, mas que a família dele desconhecia a cara. Tipo cabeça de bacalhau, todo mundo sabe que existe, mas ninguém nunca viu... pronto! Já tínhamos a primeira treta entre sogro, sogra e nora.

Era chegada a hora e eu como todo mundo que vai conhecer os pais do NAMORADO queria causar não uma boa, mas ótima impressão. Marcada a data para um almoço de domingo comecei a planejar a roupa, o cabelo, o sapato, cor da unha, ou melhor, nada de cor algo discreto. Queria que olhassem pra mim e enxergassem uma princesa digna de estar ao lado do "príncipe" deles alguém que pelo menos num primeiro momento não percebessem defeito algum.

Em busca da roupa perfeita, comentei no meu ambiente de trabalho que queria parecer com algo que transitasse entre a Lady Di e a Branca de Neve ao que uma delas me perguntou: - Porque você quer passar essa impressão? E eu não soube responder. Só queria ser aceita. Fiquei com aquilo na cabeça e acabei usando o bom e velho jeans.

Só pra dificultar, no grande dia o Rodrigo foi me buscar a pé, pai estava viajando e ele ficou sem carro. Fomos caminhando e me lembro do frio na barriga aumentando a cada passo que diminuía a distância, e de nossas mãos unidas e suadas de tanto que eu apertava.

Chegamos! Nos aguardava a mãe, uma prima que morava com eles, um amigo da família e o irmão mais novo que na verdade não foi exatamente me conhecer. Ficou da escada com um coleguinha me olhando de esquina e quando eu olhava de volta eles se escondiam.

Primeira vez na casa dele todo mundo meio que sem assunto, querem te investigar mas ficam naquele morde e assopra e alguém não me recordo quem no meio desse constrangimento comentou que eu comia pouco e eu respondi a seguinte frase, atenção, momentos de tensão: - Ahh, é que eu estou tomando a pílula da felicidade (nessa época tomar fluoxetina na minha cidade tinha virado moda). Assim, depois de fechar a boca e perceber os olhares em minha direção

Pensei:

- véi, que MERDA foi essa que eu falei??? Aprendi mais tarde que na dúvida balance a cabeça e sorria, mas já não adiantava mais.

Ninguém entendeu nada e eu selava o meu primeiro dia na casa do Rodrigo.